O PIB – Produto Interno Bruto divulgado nesta quarta-feira (01/09) ligou o sinal de alerta para a economia brasileira. De uma expectativa de crescimento de 0,2% no segundo trimestre, passou para um resultado consolidado de -0,1%. Além disso, outros números chamam a atenção, como a retração de 0,9% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos.
E é exatamente neste ponto, o da energia elétrica, que está o grande desafio para a economia brasileira e baiana. “Por mais que o subsistema dos reservatórios da região Nordeste esteja próximo de 50%, nível que poderia ser adequado, a energia gerada terá que contribuir para abastecer as regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, que estão com níveis mais próximos a 20%”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
Tanto que a Aneel criou uma bandeira tarifária acima da vermelha, que era a mais alta, a da “escassez hídrica”. Em junho, a taxa extra já havia subido mais de 50%, chegando a R$ 9,50 a cada 100 kWh. Agora, a taxa será de R$ 14,20.
O efeito de estiagem nos reservatórios já tem chegado aos consumidores e empresários. Segundo o IBGE, nos últimos 12 meses, houve aumento de 22,4% no preço da energia elétrica residencial na Região Metropolitana de Salvador. “ E esse gasto é o terceiro mais alto no consumo das famílias, perdendo apenas para a gasolina e o plano de saúde. E deve piorar com os novos reajustes das taxas extras”, alerta Dietze.
Para o empresário, a situação também é complicada. Segundo dados da Coelba, concessionária de energia do estado da Bahia, a tarifa média de fornecimento de energia para estabelecimentos comerciais e de serviços saltou de R$ 538 MWh para R$ 609, entre os meses de maio de 2020 e 2021, um aumento de 13%. Ressalta-se que o dado mais recente disponível no site da Coelba é o de maio/2021 e não capta ainda o cenário mais deteriorado como o atual.
De acordo com levantamento feito pela Fecomércio-BA com os dados da Pesquisa Anual do Comércio, do IBGE, do total das despesas dos estabelecimentos comerciais, em média, 12% são gastos com energia elétrica, gás, esgoto, etc. Apesar do grupo envolver outros segmentos, é natural pensar que o gasto mais expressivo é com a energia elétrica.
Então, há o aumento de 13%, somente na tarifa sem contar outros custos no meio do caminho e impostos, sobre um percentual relevante dos gastos, de 12%. É mais um baque para o empresário do comércio e serviços.
Com todo este cenário desenhado, os desafios são os seguintes:
• Consumidores: redução de poder de consumo, diminuindo do comércio e serviços para complementar no pagamento da conta de luz. Mesmo reduzindo muito o consumo, o aumento da tarifa foi tão expressivo que, na média, será difícil reduzir a conta final. Efeito negativo imediato para o comércio.
• Empresários: vendo o poder de compra das famílias sendo afetado e os custos de energia aumentando, o empresário terá de se esforçar para cortar custos. Supermercados gastam mais que, por exemplo, lojas de roupas. Cada tipo de estabelecimento adotará medidas diferentes. Serviços como de salão de beleza e restaurante usam intensamente energia, o que dificulta a estratégia de economia. Desta forma deverá haver o reajuste de preço, certamente.
• Economia: Não adianta almejar um crescimento mais forte da atividade econômica se não haverá capacidade de produzir energia para atender o aumento da demanda.
“O importante agora é cada um fazer o dever de casa, economizar no que for possível para evitar um quadro de estresse na energia e, por consequência, na economia e na renda das famílias, que já têm sofrido bastante desde o ano passado com a chegada da pandemia do coronavírus”, alerta o especialista.