A formação das chapas que vão concorrer na disputa pelo governo da Bahia vai obedecer aos interesses nacionais e não estaduais. Todos os interessados estão se movimentando. Na chapa governista, Jaques Wagner já se lançou candidato; há notícias de que Otto Alencar já definiu que deseja concorrer ao Senado e João Leão afirma que é candidatíssimo ao governo do Estado e que está na hora do PT abrir lugar para outras siglas.
Tá tudo muito bem, mas tudo isso é jogo de cena. São as movimentações políticas nacionais que vão ditar o rumo dos acontecimentos. No caso de Wagner, por exemplo, sua candidatura pode depender das alianças que o ex-presidente Lula fizer. Recentemente, por exemplo, membros do diretório nacional do partido afirmaram que Lula não descartaria colocar o senador Otto Alencar, como cabeça de chapa, ficando Rui Costa como candidato ao Senado. Essa hipótese obedeceria a uma aliança mais ampla com o PSD de Kassab, peça importante na aliança necessária para eleger o presidente da República.
No caso de João Leão, o problema é de outra ordem, afinal, se for concretizada a ida do Presidente da República, Jair Bolsonaro, para o PP, o PT dificilmente aceitaria manter a aliança com o PP na Bahia, o que obrigaria Leão a deixar o tão decantado teodolito, a coligação PT, PSD e PP, e sair candidato ao governo com apoio de Bolsonaro, o que, levando-se em conta a baixa popularidade de Bolsonaro na Bahia, seria uma temeridade.
E nem isso estaria definido, pois o Presidente vem demonstrando que deseja ter nomes ligados a ele, candidatando-se ao governo dos Estados e, no caso da Bahia, esse nome não é Leão, mas João Roma. Claro que pode haver uma composição com Roma saindo para o Senado, mas muita negociação teria de rolar para isso acontecer. No caso de Wagner, há questões a serem analisadas, pois sua posição é a mais tranquila em relação ao lado pessoal.
O ex-governador, que ainda tem mais quatro anos de mandato, poderia não se candidatar, esquivando-se de uma campanha que será feroz, inclusive no campo das denúncias nas redes sociais, e dedicando-se a eleger Lula, para depois ser alçado à condição de Ministro, deixando sua vaga para o PSB. Mas Wagner já se declarou candidato, todavia quem vai definir seu futuro serão as articulações nacionais comandadas por Lula e sua candidatura ao governo da Bahia estará submetida ao interesse maior do PT, que é eleger o presidente da República. Como se vê, no âmbito governista a formação da chapa dependerá quase que inteiramente das articulações nacionais.
No caso da oposição, onde ACM Neto será candidato de qualquer jeito, as articulações nacionais podem não definir o cabeça de chapa, mas vão definir se a competitividade do ex-prefeito será maior ou menor, a depender do candidato ao qual esteja ligado. E, se a polarização Lula/ Bolsonaro se consolidar, ele terá de tomar posição antes do segundo turno de olho nas pesquisas e na popularidade do presidente na Bahia.