Os segmentos de transporte aéreo e rodoviário registraram desempenho positivo, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos 12 meses encerrados em maio de 2021. Análise realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com base nesses dados mostra que profissões que haviam sido severamente atingidas pela primeira onda da pandemia de covid-19 figuram no ranking das atividades com maiores avanços no emprego.
A CNC avaliou o desempenho recente do saldo de vagas celetistas, considerando mais de 2.500 profissões, observando não apenas a significância da expansão da força de trabalho, mas também critérios de representatividade. De acordo com o Caged, o emprego celetista registrou um saldo positivo de 2,58 milhões de postos de trabalho, o que representa um crescimento de 6,8% em relação ao estoque de postos de trabalho de maio de 2020.
A reativação do mercado de trabalho celetista nos últimos 12 meses atinge atualmente a maioria das atividades econômicas na forma de geração de saldos positivos expressivos entre admissões e desligamentos. Destacam-se as ampliações nas respectivas forças de trabalho da construção (+15% ou 317,2 mil vagas), agropecuária (+9,5% ou 150 mil vagas), indústria (+8,8% ou 636 mil vagas) e comércio (+7,2% ou 642,9 mil vagas).
Os serviços, último grande setor a reaver o nível de atividade pré-pandemia, também já computam mais admissões do que desligamentos (saldo de 838 mil vagas), porém a um ritmo relativo inferior (+4,6%) ao da média do mercado de trabalho e concentrado em profissões ainda específicas.
No que diz respeito especificamente ao segmento de transportes, houve destaque, segundo o estudo da CNC, em atividades como engenheiros aeronáuticos (aumento de 20,8% em relação ao estoque de postos de trabalho de maio de 2020), monitores de transporte escolar (+18,5%), cobradores de coletivos (+18,4%), comissários de voo (+13,5%).
“A presença de profissionais ligados ao setor aéreo no ranking das profissões com maiores altas surpreende e sugere uma expectativa mais favorável para o setor nos próximos meses. O transporte aéreo foi um dos setores que reagiram mais rápida e negativamente à primeira onda da pandemia no segundo trimestre do ano passado e nos três primeiros meses deste ano. Acreditamos que poderá ocorrer uma reação significativa desse setor nos próximos meses, caso haja continuação na redução de contaminações geradas pela pandemia”, observa o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O economista da Confederação responsável pelo estudo, Fabio Bentes, ressalta que, desde meados de maio, a movimentação nos aeroportos voltou a crescer. “Essa reação sinaliza, ainda para este ano, um cenário mais positivo para o setor com o avanço da vacinação e a queda no número de novos casos da doença”, avalia.
Bentes recorda que, entre o fim de fevereiro e o início de maio do ano passado, a retração na demanda por serviços de transporte aéreo levou a uma redução de 92% no fluxo de aeronaves nos 34 maiores aeroportos do Brasil. Consequentemente, o Caged registrou um saldo negativo de 9.242 mil postos de trabalho no setor aéreo entre abril e novembro de 2020 – perda equivalente a 14,9% da força de trabalho do setor. Com o início da flexibilização no fim do primeiro semestre de 2020, a demanda voltou a reagir favoravelmente até que o recrudescimento da pandemia na virada de 2020 para 2021 provocou nova retração no fluxo de aeronaves.
“Apesar da base comparativa excepcionalmente baixa de maio do ano passado, o volume de receitas no setor aéreo é o que mais tem crescido no setor terciário, avançando 116% nos últimos 12 meses encerrados em maio, mas situando-se ainda 29% abaixo do nível pré-pandemia, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE”, observa Bentes.
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