No desdobramento das denúncias da CPI da Pandemia surge uma nova denúncia que envolve o Ministério da Saúde, além do presidente da Câmara, Arthur Lira, o senador Ciro Nogueira e um empresário de Brasília e sua esposa, num caso digno de folhetins.
O empresário é Flávio de Souza, dono de um Hangar em Brasília com outros sócios e que afirma ter perdoado um caso extraconjugal de sua própria mulher com o senador Ciro Nogueira, que hoje integra a tropa de choque do governo na CPI.
Segundo a Revista Crusoé, que assina a reportagem, a denúncia tem como pano de fundo um contrato milionário do Ministério da Saúde com a VTCLog, empresa responsável por armazenar e distribuir os medicamentos comprados pelo governo, incluindo, mais recentemente, as vacinas contra o coronavírus.
A denúncia foi feita a Luis Miranda e está relacionada à corrupção dentro do Departamento de Logística do ministério. Os senadores da CPI da Covid suspeitam que esse caso guarde relação direta com os pedidos de “pixulé” que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse, no dia em que deixou o ministério, ter recebido de políticos interessados no polpudo orçamento da pasta. Luis Miranda teria dito que o nome citado por Pazuello foi o de Arthur Lira.
A partir deste momento, outros dois personagens aparecem na trama: os senadores Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro. De acordo com as informações encaminhadas à CPI, o dono da VTCLog, Carlos Alberto de Sá, conhecido como Carlinhos, pediu a ajuda de um amigo chamado Flávio Loureiro de Souza, que é próximo de Ciro, de Flávio Bolsonaro e do próprio Arthur Lira, para solucionar o impasse dentro do ministério. A VTCLog chegou a ter os repasses feitos pelo ministério suspensos por discordâncias sobre o cálculo da remuneração dos serviços. Ao fim, Roberto Dias, aquele que depôs na CPI, contrariou um parecer jurídico do ministério e aprovou uma proposta da VTCLog que era 18 vezes mais cara que o valor recomendado por técnicos da pasta.
Flávio de Souza teria ajudado a destravar o negócio. Ele é dono de uma franquia de depilação e sócio do filho do dono da VTCLog em um hangar em Brasília. Quando solicitado, ele empresta para os políticos o jatinho registrado em nome de outro sócio na empresa de depilação. Foi nessa aeronave, por exemplo, que Flávio Bolsonaro e o ex-ministro Ricardo Salles voltaram de uma viagem à Fernando de Noronha, em novembro do ano passado.
A Revista Crusoé, Flavinho admitiu não apenas cultivar relação com os políticos citados, incluindo Flávio Bolsonaro, que jogaria “futebol em sua casa”, como afirmou, em nome da manutenção da “amizade com Ciro Nogueira”, ter perdoado um caso extraconjugal de sua própria mulher com o senador que hoje integra a tropa de choque do governo na CPI. Segundo a denúncia que chegou aos ouvidos de Luis Miranda e da própria CPI, o suposto escândalo envolvendo a traição só não foi detonado porque Ciro, colocado contra a parede por Flavinho, pressionou Roberto Dias a assinar o aditivo com a VTCLog no momento em que o contrato estava sob risco.
Procurado pela Revista Crusoé, o presidente da Câmara, Arthur Lira disse que denúncias “totalmente descabidas e mentirosas” e que “tomará todas as medidas legais” contra seus autores. Ciro Nogueira também classificou a denúncia como “horrenda mentira” e disse que irá acionar a Justiça para “todos sejam punidos severamente, na forma da lei, pelos crimes de falso testemunho, calúnia, propagação de fake news”. O líder do governo, Ricardo Barros, afirmou que não beneficiou a VTCLog nem recebeu nenhum pagamento ilícito vinculado ao contrato da empresa com o Ministério da Saúde.