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ECONOMIA BAIANA: OS ÁRABES ESTÃO CHEGANDO

Redação - 05/07/2021 09:05

Está ocorrendo grandes mudanças na indústria baiana e o epicentro é a venda da RLAM – Refinaria Landulpho Alves para o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi nos Emirados Árabes. Não está claro,  qual será o impacto nos diversos setores da economia. O que está claro é que o  “Mubadala”, palavra árabe que significa “troca”, é um gigante que tem investimentos em mais de 50 países, em montante da ordem de 250 bilhões de dólares, e está se mobilizando para ser, não só o maior player industrial da Bahia, mas um gigante empresarial com operações na área de petróleo e gás, logística, mineração e outras.

Concretizada a compra da RLAM, o fundo árabe passará a controlar mais de 30% do PIB da indústria de transformação baiana, mas essa participação será maior, pois o Mubadala já controla  também a  empresa  Deten Química, em Camaçari, que registra lucro anual superior a R$ 100 milhões. Ora, só isso bastaria para fazer do Mubadala o maior grupo industrial da Bahia, mas o poder dos investidores árabes pode se ampliar já que eles manifestaram interesse na compra da fatia de 38,3% do capital total (ou 50,1% do votante) da Braskem, a maior empresa privada da Bahia. Não será fácil para o Mubadala comprar a Braskem, pois há outros fundos de investimentos interessados, bem como multinacionais do porte da Sabic, Formosa Plastics, Sinopec  e Lyondell Basell. Mas se vencer a disputa, o Mubadala passará a controlar mais de 70% do setor químico petroquímico da Bahia, e será responsável por mais de 50% do PIB da indústria de transformação.

E o fundo árabe não atuará apenas na área industrial, será, na verdade, o maior grupo empresarial da Bahia. Ao comprar a RLAM, o Mubadala adquiriu uma rede de oleodutos, uma fábrica de asfalto, uma central termoelétrica e uma estação de tratamento de água e efluentes. Adquiriu também o Temadre – Terminal Portuário de Madre de Deus e vai se tornar o maior operador portuário do Nordeste, movimentando 20 milhões de toneladas com quatro terminais portuários no estado: Candeias, Itabuna, Jequié e Madre de Deus.

O fundo opera terminais de Abu Dhabi, tem estaleiros  e participa do controle da maior companhia de logística integrada do Oriente Médio. A subsidiária logística do grupo no Brasil, a MC Brazil, poderá movimentar cargas de terceiros no Temadre e  fazer transporte de cabotagem com impacto no perfil portuário do Estado.  O Mubadala explora alumínio, ouro, produz coque de petróleo e atua na área de energia em vários países. É um gigante que tem como  gestor Khaldoon Khalifa Al Mubarak, um dos homens mais ricos do mundo, dono do clube Manchester City. Pois é, o poder econômico do Mubadala é grande e vai impactar vários segmentos na Bahia.

                       ARREMEDO DE REFORMA TRIBUTÁRIA

Ao mesmo tempo que reajusta as alíquotas do Imposto de Renda para pessoas físicas aumentando a faixa de isenção, o que era necessário, a reforma tributária praticamente extingue a declaração simplificada, chancelando o burocratismo dos recibos e isenções e fazendo com que milhões de brasileiros que ganham pouco mais de três salários mínimos passem a pagar imposto. Ao mesmo tempo que reduz em 5% a carga tributária das empresas, passa a tributar os dividendos e tira o desconto através do mecanismo de juros sobre o capital próprio. As empresas que pagavam em média 34% de impostos vão pagar 43%. A reforma não reduz imposto, nem corta gastos, é um arremedo para aumentar a arrecadação.

                                UMA REVOLUÇÃO NA SAÚDE

O setor de serviços de saúde na Bahia passa por uma revolução com a aquisição de empresas baianas por fundos de investimentos e grandes redes nacionais. Quatro grandes hospitais de Salvador foram adquiridos por redes nacionais: Hospital da Bahia, Cárdio Pulmonar, São Rafael e Aliança. E laboratórios e dezenas de clínicas de porte nas áreas de oncologia, oftalmologia, nefrologia e outras foram compradas. Com isso, o mercado de saúde será regido cada vez mais pela logica da rentabilidade e as negociações com as empresas locais e os planos de saúde mudam de patamar. As empresas baianas e os profissionais de saúde precisam estar atentos e se adequar frente a expansão capitalista no setor.

Publicado no jornal A Tarde em 01/06/2021

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