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DONO DE FAMARCEUTICA CONFIRMA PROPINA

Redação - 01/07/2021 17:40 - Atualizado 01/07/2021

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que representou a empresa Davati Medical Supply em uma negociação com o governo de Jair Bolsonaro, reafirmou à CPI da Covidnesta quinta-feira (1) que recebeu pedido de propina de um diretor do Ministério da Saúde para a compra de vacinas contra a Covid. O empresário, que também é policial militar, apresentou um áudio.

Dominguetti também afirmou que foi o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) quem tentou intermediar a compra. Miranda se tornou um dos principais denunciantes de irregularidades na compra de vacinas pelo governo. Na última terça-feira (29), em entrevista à Folha, Dominguetti afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

Na CPI, Dominguetti disse que esteve no Ministério da Saúde três vezes para tratar da proposta da venda da vacina. A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5).

O depoente foi questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) como a Davati conseguiria fornecer 400 milhões de doses e respondeu de maneira vaga. O parlamentar pediu a apreensão do celular de Dominguetti para que os fatos sejam esclarecidos. (veja aqui)

A suspeita sobre a compra de vacinas veio à tona em torno da compra da Covaxin quando a Folha revelou no último dia 18 de junho o teor do depoimento sigiloso do servidor Miranda ao Ministério Público Federal, que relatou pressão “atípica” para liberar a importação da vacina indiana.

DOMINGUETTI MOSTRA ÁUDIO, DEPOIS RECUA SOBRE COMPRA DE VACINA

Dominguetti divulgou na sessão um áudio do deputado federal Luís Miranda. A palavra “vacina”, no entanto, não é mencionada nesse áudio do parlamentar. Ao saber da divulgação desse áudio, Miranda foi ao Senado e pediu a prisão do depoente. Explicou que se tratar de um áudio de 15 de outubro de 2020, no qual negociava a aquisição de luvas por meio de uma empresa que possui nos Estados Unidos.

“Ele [Dominguetti Pereira] blefou e para o azar dele eu tenho toda a conversa aqui. Eu nunca tratei de vacina com eles”, disse ao deixar a sala da comissão.

O deputado federal pediu que seu novo depoimento à comissão, previsto para terça-feira da próxima semana, seja reagendado. Isso porque ele está reunindo provas, que vão provar que existe um grande “mensalão” dentro do Ministério da Saúde.

Após a informação de que o áudio se tratava da negociação de luvas, o depoente recuou.

“O que acontece é: como houve a vinda do deputado aqui, por causa de vacina, e o print que ele enviou e embaixo o áudio sugestionava. Mas eu não posso fazer esse juízo de valor, se é ou não é [vacina ou luva]. Quem pode dizer de que era essa transação, como é feita essa transação, de que produto que era, é somente, só o Cristiano”, disse.
Entre os senadores da CPI, alguns acharam que o depoimento de Dominguetti foi esclarecedor e confiável. Outros avaliaram que ele foi plantado e questionaram até mesmo o motivo de não ter dado voz de prisão a Roberto Dias, tendo em vista que o vendedor também é policial militar.

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