A eleição de 2022 está polarizada entre Bolsonaro e Lula, que lideram as pesquisas empatados, com Lula vencendo no 2º turno. Ambos tem rejeição gigantesca e milhões de brasileiros juram que nunca votarão neles. Mas, apesar disso, a segunda via não deslancha e Ciro Gomes e João Dorea, os únicos nomes com alguma possibilidade no cenário para 2022 estão longe de representar uma alternativa efetiva na disputa pelo poder.
Mas finalmente apareceu um nome que pode enfrentar Lula e Bolsonaro. Trata-se dele mesmo, o ex-juiz Sérgio Moro, que hoje mora em Maryland, a 40 quilômetros de Washington, capital dos Estados Unidos, mas que pela primeira vez admitiu a amigos que pode disputar a presidência da República. Moro trabalha na Alvarez & Marsal, que gosta e valoriza o seu novo contratado, mas não teria objeções à sua candidatura. E a quinze meses das eleições, Moro disse, pela primeira vez, que considera a possibilidade de disputar o pleito, o que é um fato novo, capaz de movimentar um cenário aparentemente preestabelecido.
Não é de agora que um grupo de empresários, parlamentares e admiradores da Lava-Jato tenta convencer Moro a ingressar na política. O ex-ministro nunca admitiu sequer a hipótese, sempre justificando que não tem perfil nem disposição para mergulhar numa aventura eleitoral.
Mas nos últimos meses a negativa contundente foi sendo deixada de lado e Moro tem discutido com um grupo restrito de apoiadores a possibilidade de disputar as eleições do ano que vem. Em uma reunião recente com dirigentes do Podemos, partido de centro-direita que tem nove senadores e dez deputados federais no Congresso, o ex-juiz foi indagado diretamente sobre o assunto e não repeliu a ideia. Ao contrário: pediu um tempo para avaliá-la e se comprometeu a dar uma resposta em outubro. “Entre aqueles que não querem nem Lula nem Bolsonaro a primeira opção é Sergio Moro. Ele é o antipetismo, ele é a Lava-Jato, ele é a bandeira de muitos que se desapontaram com o atual governo”, diz a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos.
A sinalização do ex-juiz foi dada depois de pelo menos seis reuniões — virtuais e presenciais — com parlamentares e dirigentes do chamado “conselho político” do Podemos. A opção foi divulgada pela primeira vez pela Revista Veja desta semana e pode modificar totalmente o cenário eleitoral.