A semana política começa com a discussão no âmbito do Partido dos Trabalhadores sobre a candidatura do partido nas eleições para governador em 2021. A tese é a consolidação do nome Jaques Wagner, mas existem muitos questionamentos quanto à escolha precipitada do ex-governador.
Partidos que apoiam o governo reclamam que o lançamento da candidatura de Wagner foi feito sem consulta ao PSD e PP, principais partidos da base eleitoral do governo Rui. Além disso, lideranças partidárias de ambos os partidos afirmam que, após dezesseis anos preenchendo a cabeça da chapa, seria hora do PT abrir espaço para nomes de outros partidos. Além disso, o comentário entre analistas e mesmo entre deputados petistas é que o nome eleitoralmente mais bem posicionado do PT neste momento é o do governador Rui Costa e que seria uma temeridade montar uma chapa sem sua inclusão.
Na verdade, Rui seria um grande puxador de votos e seu nome na chapa não só facilitaria a eleição do candidato do PT como ajudaria a formar uma grande bancada de deputados. O ex-governador Jaques Wagner tem uma rejeição muito alta e é identificado com o PT e a suposta “fadiga de material” muito mais do que Rui. Além do que Wagner é o único entre os líderes partidários que têm mandato de senador até 2026 e não precisaria se candidatar. O problema da composição de uma chapa com Rui concorrendo ao Senado é que ela tende a tensionar a escolha de nomes para os demais cargos entre o PP e o PSD.
João Leão e Otto Alencar, líderes dos dois partidos, anunciam que fizeram um pacto de não agressão por enquanto e devem caminhar juntos na discussão pela composição da chapa. Há até rumores da possibilidade de montagem de uma chapa sem o PT tendo Otto e Leão como candidatos a governador e senador, levando em conta que PP e PSD controlam metade das prefeituras do Estado, mas essa hipótese dificilmente se sustentará. Mas deve-se levar em conta que João Leão é o eventual governador do estado, se Rui Costa decidir se candidatar a senador e Otto Alencar tornou-se, com sua participação na CPI da Pandemia, um nome de destaque que pode inclusive pleitear o governo do Estado. Toda essa especulação depende do quadro político nacional e da força das candidaturas que serão postas, estando inclusive prevista uma conversa entre Rui e Lula para a definição dos caminhos que o governador da Bahia deve seguir.
No lado da oposição, o ex-prefeito ACM Neto ainda mantém viva a possibilidade de aliar-se ao presidenciável Ciro Gomes, mas a maioria dos deputados que seguem sua liderança está praticamente fechada com o bolsonarismo e afirma que haverá uma composição entre ACM Neto e João Roma. Veja entrevista de Elmar Nascimento na edição de hoje.
Nesse caso, o mais provável é que o ex-prefeito siga com um olho na missa e outro no padre, avaliando as chances de Bolsonaro e a concretização da esperada polarização. Já Bolsonaro e João Roma esperam uma aliança com Neto, mas se a opção se tornar impossível não descartam a candidatura própria do hoje Ministro da Cidadania. Em resumo: as candidaturas ao governo da Bahia ainda estão em aberto.