Mais de um quarto dos jovens no Brasil e no estado do Rio não estavam trabalhando nem estudando no fim de 2020. No país, 25,52% da população entre 15 e 29 anos estavam nesta situação. E no Rio, ainda mais: 26,8%. Os dados relacionados ao grupo “nem-nem”, como é chamado, são do estudo “Juventudes, Educação e Trabalho: Impactos da Pandemia nos Nem-Nem”, feito pelo FGV Social e coordenado pelo professor Marcelo Neri.
— É uma crise juvenil que começou em 2014 a 2017, não recuou nos anos seguintes, e entrou numa segunda onda com essa Geração-Covid. O recorde de nem-nem foi atingido no segundo trimestre do ano, chegando a 29,33% — diz o professor Neri que apresenta o panorama, falando sobre o impacto real dos dados: — De 2002 a 2020, o Brasil teve sua maior geração jovem, de 50 milhões. Então é uma parcela importante da população, além de guardar a chave para o futuro. Diante dessa situação, as sequelas são grandes. Estudos mostram que a crise dos anos 80 no Brasil tornou aquela geração mais propensa a participar ou ser vítima de homicídios 10 anos depois, por exemplo.
Segundo Neri, o índice de Nem-Nem foi puxado na pandemia principalmente pelo índice de desocupação. Do último semestre de 2019 para o mesmo período de 2020, a desocupação entre os jovens de todo o país saltou de 49,37% para 56,34%. E no estado do Rio, de 55,2% para 63,6%. Enquanto isso, a taxa de evasão escolar diminuiu: a nível nacional, de 62,2% para 57,95%; e no estado do Rio, de 58,19% para 53,68%. Para Neri, isso pode ser explicado, em parte, pela menor cobrança escolar na educação à distância. Mas um outro índice chama atenção e preocupa Neri: — A satisfação com o sistema educacional caiu de 56% para 41% entre os jovens brasileiros, chegando ao seu nível mais baixo.
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