Em carta aberta enviada a colegas, o advogado César Oliveira desmente as acusações feita pela desembargadora Ilona Reis do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), também por carta, divulgada em reportagem da Revista Crusoé na última sexta-feira (4). No texto, a magistrada presa na Operação Faroeste em dezembro de 2020, aponta que foi assediada pelo advogado para não ser investigada na operação.
Ilona se diz inocente e que foi presa por não aceitar “comprar” sua “imunidade”, proposta pelo advogado chamado José César Souza dos Santos Oliveira, para não ser envolvida na operação conduzida por Aras, sob o custo de R$ 1 milhão. A desembargadora afirma que César Oliveira, conhecido como César Cachaça no estado, sempre recebia em seu apartamento o pai de Augusto Aras, Roque Aras. Eles teriam sido apresentados em uma dessas visitas, ainda no primeiro semestre de 2020. Diz ela: “Ele (Roque Aras) chegou trajando bermuda, demonstrando muita familiaridade com o dono da casa”. A proposta foi feita na fase inicial da operação, quando ela não sabia ao certo se seria envolvida. Nos primeiros contatos, ela pagou R$ 6 mil para o advogado ir à Brasília conversar com Augusto Aras. Logo depois, ela assinou um contrato de honorários no valor de R$ 100 mil, com um advogado indicado por César, pois a situação dela iria ficar “complicada” com o avanço das investigações, com a possibilidade de delações. Ela narra que as tratativas do pagamento de R$ 1 milhão com César Oliveira teria fracassado, pois ele ficou indignado por ela ter pedido para parcelar os R$ 100 mil do primeiro contrato de honorários. Nesse dia, o advogado teria mostrado para ela mensagens de Whatsapp que teria trocado com Augusto Aras, chamado por amigos de “Guga”. Em uma das mensagens que lhe teriam sido apresentadas pelo advogado, Aras teria perguntado, segundo a desembargadora: “E cadê o dinheiro dela?”. “Fiquei estarrecida e passei a me perguntar que interesse o PGR Augusto Aras teria no meu dinheiro”, escreve a magistrada.
O advogado chama a desembargadora de corrupta e “atual hóspede do presídio da Papuda”. “Sinto-me na obrigação de dar uma resposta à sociedade baiana, no momento em que sou atacado por uma combinação de inimigos, uns ocultos, outros nem tanto, mas que devem ter o mesmo destino da delinquente e que passaram a apelar para fakenews e ataques aos investigadores na vã esperança de que a Operação reflua e não chegue ao seu final – final este que será a assepsia e a redenção da Justiça da Bahia”, diz o advogado.
Ele confirma que recebeu em sua casa a desembargadora Ilona Reis. “Consultado, na mesma oportunidade, sobre a possibilidade de vir a ser advogado da mesma, neguei enfaticamente essa possibilidade, pois estava em estado pré-operatório e não poderia me dedicar na proporção que a situação exigia. De imediato, a presidiária me questionou sobre algum advogado que poderia indicar para defendê-la, situação que também rejeitei, embora tenha citado alguns nomes de uma geração mais velha e outros mais jovens, advogados notórios na sociedade e sem qualquer espécie de relação pessoal ou patrimonial com o signatário, que não possui sociedade de advogados com quem quer que seja”, escreveu.
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