Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo disse que não havia um “documento único” com orientações para medidas de combate à pandemia e frisou diversas vezes que o Itamaraty agia sob os comandos do Ministério da Saúde, de onde surgiam as orientações.
“(Papel) era de facilitar importação, facilitar trâmites, apoio a negociação de vacinas, mas não tenho conhecimento de plano único”, disse Araújo nesta terça-feira em respostas ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). O ex-ministro das Relações Exteriores também disse não ter recebido instruções diretas do presidente Jair Bolsonaro sobre a implantação da política de combate à pandemia.
“O fato de não ter havido um documento, orientação geral, não quer dizer que tenha havido improviso”, respondeu Araújo, que disse não lembrar de divergências entre o Itamaraty e a Presidência. “Me reunia uma vez por semana com o presidente. Tive vários encontros com Mandetta, Teich e Pazuello”, disse, numa referência a ex-ministros da Saúde.
O ex-chanceler afirmou também que sua saída do cargo de titular do Itamaraty não se deu pela sua atuação frente às negociações para compra de vacinas. Segundo Araújo, sua demissão esteve relacionada com as dificuldades de relacionamento, principalmente com o Senado. “Diante disso, presidente pediu que eu colocasse o cargo à disposição”, disse. (Estadão)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado