O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, afirmou que o Plano Nacional de Imunizações (PNI), tem sido prejudicado por mudanças repentinas na programação do envio de vacinas aos estados e pouca segurança em relação ao quantitativo de doses para a segunda aplicação. “Os estados e municípios estão ajustando a vacinação a suas realidades locais, levando em consideração o quantitativo de doses informado pelo ministério. O que atrapalha o PNI são as alterações nas previsões em cima da hora e não haver garantia de vacina para a segunda dose”, disse o secretário, ao ser questionado sobre declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Queiroga afirmou nesta segunda-feira, 26, que a inclusão de grupos prioritários por estados e municípios na vacinação contra a Covid-19 prejudica o PNI. “Se nós respeitássemos o Programa Nacional de Imunizações conforme pactuado na [reunião] tripartite [União, estados e municípios], ele seria melhor”, declarou o ministro. “É até um apelo que eu faço. Nós sabemos que, no afã de contribuir com a vacinação, às vezes, se pressiona para botar um grupo prioritário ou outro. Todos têm razão em querer ter a vacinação o mais rápido possível, mas, às vezes, isso atrapalha o nosso PNI. Então, fazer com que o PNI tenha as decisões pactuadas na tripartite mantidas e com que, nos municípios, nos mais de cinco mil municípios do Brasil, ele seja cumprido é um desafio para todos nós”, acrescentou Queiroga, durante audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado.
Na última quinta-feira, 22, o Ministério da Saúde começou a distribuir um lote de 3,5 milhões de doses vacinas para todo o país. Conforme a pasta, a remessa era destinada a as idosos entre 60 e 69 anos e agentes das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas que atuam na linha de frente do combate à pandemia. Na Bahia, entretanto, já foi iniciada a vacinação de profissionais da Educação e também em pessoas com comorbidades (nos municípios que já concluíram a imunização de idosos). Além disso, em Salvador começou a aplicação da vacina em rodoviários. Procurado, o secretário de Saúde da capital, Leo Prates, não atendeu aos telefonemas.
Ainda na sessão do Senado, Queiroga admitiu dificuldade no fornecimento da segunda dose. “O que tem nos causado certa preocupação é a Coronavac, a segunda dose. Tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque, se os senhores lembram, cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem. E agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa 2ª dose”, afirmou o ministro.
Em 21 de março, o ministério modificou a orientação adotada à época e autorizou aos estados e municípios a aplicação de todas vacinas em estoque, sem reservar o quantitativo referente à segunda dose. “O fato é que essa disparidade entre doses distribuídas e doses aplicadas têm gerado muita polêmica, muita polêmica em rede social, e tudo o que nós não precisamos neste momento é polêmica. Nós precisamos passar uma mensagem harmônica para a nossa sociedade”, disse Queiroga.
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