O real voltou a figurar como a moeda que mais se desvalorizou durante a pandemia do novo coronavírus. É o que aponta o Bank of America (BofA), que mensura a magnitude da depreciação das taxas justas de câmbio no segundo trimestre de 2020 decorrente da crise da Covid-19. A entidade considera que a crise sanitária desvalorizou não apenas moedas em termos nominais ou reais, mas também mexeu com as métricas de fundamento, com consequente impacto nos valores justos de taxas de câmbio. De acordo com informações da agência Reuters, mais uma vez, a moeda brasileira liderou a queda, com baixa de 18%, seguido pelo rand sul-africano, que viu declínio de 15%.
Também segundo a publicação, de acordo com o novo modelo de taxa justa de câmbio divulgado pela entidade, o real é a moeda mais barata do mundo emergente. Pelo novo modelo de cálculo – o Compass BEER -, o real está 24% mais barato do que o sugerido pelos fundamentos, maior desvio negativo numa lista de 20 moedas emergentes. O Dólar de Cingapura (-18%) e iuan (-15%) vêm na sequência. Na outra ponta estão rand sul-africano (+5%) e peso argentino e rupia indiana –ambos com 4%. Assim, o valor justo para o real estaria em 4,26 por dólar. O real também ocupa a pior posição num cálculo que considera valuations multilaterais –contra outras moedas além do dólar.
Por essa conta, a divisa brasileira está 20,3% abaixo do sinalizado pelos fundamentos.O banco norte-americano calculou ainda a recuperação dos valuations das moedas entre o segundo trimestre de 2020 e os primeiros três meses de 2021. A taxa justa do real valorizou-se 1%, enquanto pares como iuan, peso colombiano, sol peruano e peso chileno ganharam entre 5% e 12%. O Bank of America explica que em alguns casos a relação entre fundamentos econômicos e preços dos ativos pode ser bastante não linear.
“Nessas situações, o prêmio de risco idiossincrático pode explicar amplamente desvios do modelo em relação às taxas de câmbio observadas. Achamos que este é atualmente o caso do valuation do real”, afirma a entidade. O real cai 6,3% ante o dólar, em termos nominais – terceiro pior desempenho no ano, ficando atrás do peso argentino (-10,1%) e da lira turca (-8,2%).
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