O dólar mais do que reverteu a alta da véspera ao fechar em queda de mais de 1% nesta quinta-feira, com o real na dianteira dos mercados globais de câmbio numa sessão marcada por otimismo sobre a recuperação econômica global, o que impulsionou a demanda por ativos de risco, como moedas emergentes.
O dólar à vista caiu 1,26%, a 5,5744 reais na venda, menor patamar desde 23 de março (5,5168 reais). A cotação oscilou nesta quinta entre 5,618 reais (-0,49%) e 5,5392 reais (-1,88%). Na quarta, a moeda havia subido 0,79%.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de rivais recuava 0,35%, para mínimas em duas semanas. A moeda dos EUA caía entre 0,2% e 0,8% frente a algumas das principais divisas emergentes.
As vendas de dólares voltaram a predominar nos mercados diante da perspectiva de que o banco central norte-americano (Fed) mantenha em vigor estímulos que têm inundado o mundo de liquidez desde o ano passado e ajudado a conter a disparada global do dólar.
Ao participar de um evento virtual do FMI/Banco Mundial, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou nesta quinta que a autoridade monetária não está nem próxima de reduzir seu apoio à economia norte-americana e minimizou riscos de problemas com a inflação. Powell reforçou, assim, a mensagem emitida na véspera na ata da última reunião de política monetária do BC dos EUA.
A moeda e as taxas de juros no Brasil sofreram um revés nas últimas semanas com o entrevero gerado pela proposta de Orçamento 2021 –aprovada pelo Congresso, mas considerada pela equipe econômica e o mercado como irreal.
Em seu cenário-base, o BTG Pactual vê o dólar a 5,40 reais no fim do ano, acima dos 5,20 reais previstos antes.
Mesmo com as novas projeções embutindo um cenário pior, elas ainda apontam queda do dólar até o fim do ano. Essa perspectiva de baixa é explicada pelo banco a partir do controle da pandemia no Brasil –que segundo o BTG vai ajudar a diminuir o risco-país–, do aumento da Selic para 5,00% (a taxa está atualmente em 2,75%) e dos maiores preços de commodities no mercado internacional.
Contudo, num cenário extremo –de maior gasto público e forte alta do risco-país–, a cotação poderia terminar o ano em 6,40 reais.