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PREÇO DO CAMARÃO CAI 20% E DEIXA PEIXE COMO SEGUNDA OPÇÃO NA SEMANA SANTA

Redação - 31/03/2021 09:00

A sexta-feira santa é conhecida como o dia de comer peixe e bacalhau, mas, dessa vez, o que deve reinar na mesa dos baianos é o camarão. Não que tenha ocorrido uma mudança de tradição, mas o preço promete ser o chamariz para o crustáceo se fazer mais presente. Esse ano, dá para garantir a moqueca com camarão fresco de R$ 18/kg. O preço reduziu 20% em relação ao ano passado, segundo um dos diretores da Associação dos Criadores de Camarão da Bahia (ACCBA), Bruno Pinho. O principal motivo é o fechamento dos bares e restaurantes – grande mercado consumidor, que deixou de comprar ou reduziu drasticamente as encomendas. Com a demanda baixa, o preço também reduziu, para atrair uma nova clientela.

O comerciante Pedro Barros, que tem um box na Feira de São Joaquim, vende todos os ingredientes para o tradicional caruru da Bahia. O azeite, o amendoim, o quiabo e até a castanha, que ele achou que ia “disparar”, ficaram no mesmo valor, exceto o camarão. O tamanho pequeno, que custava R$ 22 há 20 dias, agora custa R$ 18 – uma redução de 20%. É capaz que ainda baixe mais um pouco, com a carga que chegará amanhã (30), de Maceió, estima Pedro.

“A gente tá recebendo uma quantidade boa, a produção aumentou e não foi esperado que todo mundo ficasse com medo, desse esse lockdown e fechasse tudo. Então a gente tem que botar a mercadoria para fora mesmo, abaixando o preço. É bom para o consumidor e não tá dando para reclamar, só agradecer”, conta o vendedor, em meio às entregas da Semana Santa em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. As encomendas sempre aumentam nessa época do ano, por isso, ele se prepara com mais estoque. No normal, são 150 caixas de 20 kg de camarão por semana que chegam à loja, ou seja, 3 toneladas. Nos períodos festivos como esse, são 400, que totalizam 8 toneladas.

Os restaurantes, no entanto, deixaram a freguesia. O Caranguejo da Barra, por exemplo, para quem ele vendia 10 kg por semana, agora só compra 1,5 kg. “As vendas caíram demais, tem empresário que tá sofrendo”, relata. No box do Barros, o camarão médio, de 6g, está a R$ 22/kg, o grande, de 8g, R$ 28 e o pistolão, de 10 a 12 g, por R$ 30. Esse último chegou a custar R$ 45 em 2020, no mesmo período.  A estudante de direito, Lorena Vaz, 19 anos, já garantiu o camarão da Semana Santa desde a semana passada, com medo dos preços aumentarem. Ela conseguiu por R$ 21/kg, no Cabula, bairro onde mora. “Preferi dar uma adiantada e comprei perto de casa, porque as feiras estavam todas fechadas. Foi um pouquinho mais caro, mas nada com valores absurdos”, conta.

Esse ano, a tradição de família será um pouco diferente: ela que fará o banquete. “Essa tradição sempre teve em minha família do caruru da Semana Santa, sempre foram as matriarcas que fizeram, minha mãe ou minha avó, e esse ano eu fui a escolhida, a responsabilidade é grande”, narra a estudante, que nunca fez caruru, mas sabe cozinhar. Além dos pais, virão a avó e os tios, que moram no mesmo condomínio, para o almoço.

Já na casa da estudante de BI de saúde, Thainah Hipollito, 19, é tradição a mesa completa de caruru. Apesar de não ser religiosa, todos os anos, a família compra os ingredientes na Feira de São Joaquim, mas, na hora de bater o vatapá, a incumbência é da mãe. “Bater o vatapá não consigo, não tenho braço para isso”, brinca Thainah. Eles ainda não compraram o camarão para o banquete desta semana, mas garante que o peixe também vai entrar no cardápio, apesar de o preço do camarão estar valendo mais à pena. “É tradição todo ano, tudo com muito dendê, e para comida a gente sempre dá um jeitinho, mesmo em tempos de covid”, diz Thainah.

Para o estudante de gastronomia de Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador, Fernando Shei, 24 anos, a Semana Santa séra diferente. Ele não vai participar do caruru com a família desse ano porque começou a trabalhar com encomendas de refeições em datas comemorativas. Junto com a sócia Estefanie, 19, ele fará entregas a semana inteira. Por isso, adiantou o seu caruru para semana passada. O peixe não entrou no cardápio. “O camarão fresco tá em torno de R$ 18, a tilápia, que mais comum, em torno de R$ 13, mas peixe em média está mais caro, R$ 20 a R$ 25. Esse preço influenciou e também porque camarão é algo que todo mundo gosta e sempre acaba agregando valor”, explica Fernando. (Correio)

Foto: divulgação

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