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HOTÉIS E POUSADAS DA BAHIA NÃO VÃO ATINGIR 25% DE OCUPAÇÃO NA SEMANA SANTA

Redação - 26/03/2021 06:26

Com a suspensão do transporte intermunicipal durante o feriadão da Semana Santa, os hotéis e pousadas da Bahia estão vendo o número de reservas caírem a cada dia. De acordo com o presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade (Fetur-Ba), a projeção é de que a ocupação da rede hoteleira não chegue nem a 25% nesse período. Se não fosse as medidas de restrição, seria esperado pelo menos 80% de ocupação na Semana Santa de 2021.

“Desde que começou o toque de recolher que as reservas nos hotéis ficaram estagnadas, o departamento quase não trabalhou. O feriado de Semana Santa era um dos mais fortes e estamos entrando no segundo ano seguido nessa realidade. A aposta é o turismo de curta distância, entre cidades vizinhas, feitos por pessoas com veículos próprios para viajarem. Mas ainda assim é uma situação extremamente complicada”, disse.

Dona de quatro hotéis (um em construção), um restaurante e uma cabana de praia em Itacaré, a empresária Cida Aguilar Lima está percebendo o reflexo do cancelamento do transporte em suas reservas. Todos os hotéis estavam com praticamente 100% de ocupação e um deles caiu essa semana para 43%. O motivo foi o cancelamento da viagem por um grupo de turismo da própria Bahia. Eles iriam em um ônibus fretado.

“Tem mais outro grupo que, se cancelar, eu estou ferrada. Mas esse é interestadual, aí manteve. Pois o decreto só proíbe as viagem intermunicipais”, disse a empresária, que afirma empregar 114 funcionários. “Não sei como vai ser para manter tanta gente. O fato do governador proibir a circulação de vãs e ônibus cai o turismo. Tem gente que vem de avião e no aeroporto pegaria uma vã fretada, por exemplo, o que não é possível. Tá todo mundo preocupado”, completou.

Progressiva

Antônio Silva, dono da pousada Vila Almm, em Lençóis, conta que só foi as medidas de restrição começarem a valer que as reservar foram caindo de forma progressiva. Para a Semana Santa está prevista apenas uma reserva, o que representa 10% da capacidade do local. “Aqui está bem fraquinho. Com todos os decretos, as pessoas ficam com medo de viajar e, quando chegar aqui, não conseguirem mais sair”, explicou o empresário, que entende a necessidade das medidas para conter o avanço da doença.

“A gente não pode ficar lotado, temos que operar com 50% da capacidade. Mas a gente esperava estar completo para poder trabalhar e pagar as contas. Nossa renda é baseada no turismo e não tem auxilio emergencial”, lembra. Ocupação baixa também é vivida pelo seu Firmo de Azevedo, 75 anos, proprietário do Sobrado da Vila, em Praia do Forte, distrito de Mata de São João. Ele disse que a ocupação de março não chegou a 10% e deve se manter assim durante a Semana Santa.

“Antes dessa segunda fase, a gente estava com tudo reservado. Foi caindo completamente. Tínhamos uma boa perspectiva para o mês de março, mas as pessoas começaram a desistir e pedir para adiar. Quem pagou parte da diária, a gente convence a usar em outro momento, aí não tem problema. É um ou outro que insiste em vir e a gente deixa”, explica.

Em nota, a Secretaria de Turismo do Governo do Estado da Bahia (Setur) afirmou que tem atuado de forma constante no sentido de orientar as câmaras técnicas de turismo, os gestores municipais e os empresários do setor “Aliado a isso, o governador do Estado, Rui Costa, lançou um pacote de medidas para tentar mitigar os impactos: Adiamento/parcelamento ICMS referente aos meses de março e abril, prorrogação do pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos transportes turísticos. O imposto de 2020 fica prorrogado para julho de 2022, e o de 2021, para julho de 2023; a Bahia também oferece, via  Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), uma linha de crédito especial de R$ 100 milhões para microempreendedores formais e informais de todo o estado”, disseram.

Epidemiologista recomenda ficar em casa

Para a epidemiologista Gloria Teixeira, integrante da Rede CoVida Ciência Informação e Solidariedade, a decisão do governador em suspender o transporte intermunicipal na Semana Santa é acertada. Ela lembrou que, no início da pandemia, esse tipo de transporte foi suspenso para impedir o vírus de se espalhar para as cidades baianas. Hoje, todos os 417 municípios possuem casos confirmados. Mesmo assim, evitar a circulação de pessoas ainda é imporante.

“Se você viaja, você não vai levar mais o vírus para aquela cidade, mas você pode levar para uma família ou alguma pessoa que não está infectada. A mobilidade aumenta a possibilidade de transmissão. O vírus anda com o ser humano, transmite de pessoa a pessoa. Então, se há grande mobilidade, a probabilidade de um infectado transmitir pra outro aumenta”, explica.

É com esse mesmo princípio que a cientista também acredita que adiantar os feriados associado a um lockdown pode ser uma medida importante, que vai beneficiar tanto aos números epidemiológicos como ao combate ao vírus. “Não adianta criar um superferiado sem medidas de contingenciamento, ou seja, permitindo que as pessoas circulem nas cidades. Durante o feriado, tem que ter o lockdown”, aponta.

Foto: divulgação

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