O sol vai se escondendo e as pessoas vão aparecendo. Quando chega às 16h, a orla de Salvador abandona o vazio e vai, aos poucos, recebendo mais e mais visitas. Às 17h, já começa um vai e vem frenético de gente praticando exercícios físicos. A cada piscada de olho, mais e mais pessoas. Tem aquelas que preferem a caminhada, outras que são mais amigas da corrida e ainda há quem se dê bem mesmo com as bikes. Seja acompanhado ou sozinho, com as academias fechadas, muita gente resolveu ocupar as ruas para se exercitar.
A medida restritiva, adotada pelo governo do estado, foi publicada na edição de quarta-feira (3) do Diário Oficial do Estado, com o objetivo de conter a disseminação da covid-19. Mas, se não tem aglomeração nas academias, tem ao longo da orla da cidade. As regiões da Pituba, Itapuã e Barra são as campeãs. E nem todo mundo que passa usa máscara, muito pelo contrário. Grande parte passa sem a máscara ou com ela abaixada, cobrindo o queixo.
Na frente do Farol da Barra, foi montado um ponto de controle vistoriado pela Guarda Municipal. A placa orienta: “Uso obrigatório de máscara”. Quando o movimento de pessoas se intensificou no final da tarde de quinta-feira (4), os agentes passaram a abordar quem passava sem utilizar o equipamento de proteção; solicitavam o uso e forneciam para aqueles que não tinham em mãos.
A estudante Aline Lima, de 34 anos, diz ter receio das aglomerações nas ruas e prefere horários mais vazios para realizar sua caminhada, já que nem todo mundo usa máscara. Ela estava frequentando uma academia de ginástica no ano passado, mas optou por deixar de ir. “Quando a pandemia melhorou um pouco, eu comecei a fazer academia. Mas, depois das festas de final de ano, começou a aglomerar, as academias ficaram cheias e eu resolvi sair. Eu fiquei com medo e achei que ao ar livre seria uma alternativa melhor”, explica ela.
O taxista Éder Ferreira, de 39 anos, é fã de carteirinha das academias, vai todos os dias, e diz que vai sentir falta da rotina de exercícios. “Estou aqui agoniado porque a academia está fechada. Para quem já tem o costume de ficar fazendo exercício todo dia e de repente ser privado disso para ficar dentro de casa sem fazer nada, a pessoa acaba pirando”, pontua.
Como alternativa, ele optou por correr na orla da Barra, mas diz que não é a mesma coisa. “Vou ficar dando meu trotezinho aqui até a academia voltar, porque não substitui, lá dá para fazer outros exercícios e tem os aparelhos”, explica ele. Ferreira discorda da decisão de fechamento e diz que era possível manter elas funcionando com os protocolos de segurança. “Eu acho que dava para continuar aberta, que não tinha necessidade de fechar. Onde eu estava malhando, todo mundo seguia as orientações, então para mim, estava tranquilo”, opina.
Já para o estudante Jonas Menezes, de 24 anos, o fechamento era algo realmente necessário neste momento. “Eu acredito que realmente não dava para continuar aberto, porque é muita gente. Por mais que eles façam marcação de horário, acaba aglomerando. Foi melhor assim e aí a gente vai se virando”, coloca. Ele aproveitou a folga na rotina para andar de bike da Pituba até a Barra acompanhado do amigo, o consultor de vendas Victor Pereira, de 32 anos.
Victor diz preferir a academia, mas, com o fechamento, teve que se virar. “Eu gosto mais da academia porque é mais prático, mais rápido, facilita no meio da rotina corrida. Mas estou aqui, caminhando e andando de bike, só não posso ficar parado”, diz ele.
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