O nível de consumo está muito baixo nos primeiros meses deste fatídico ano de 2021 e, se o auxílio emergencial não for aprovado rapidamente, o crescimento econômico será muito baixo no 1º trimestre de 2021. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, o varejo vai cair quase 12% este ano caso o auxílio não seja retomado. Auxílio emergencial é sangue na veia do consumo e os economistas sabem há muito tempo que basta colocar dinheiro na mão dos mais pobres para que o crescimento econômico seja imediato.
Em economês puro: a propensão a consumir das classes mais baixas é muito maior do que a das classes que estão no topo da pirâmide de renda. E a explicação é simples: todo dinheiro que se coloca nas mãos dos mais pobres vai direto para o consumo, enquanto a classe média e os mais ricos, que já dispõem de muitos bens, destinam parte significativa do que ganham para poupança e investimento. O auxílio emergencial em 2020 colocou no mercado 40% da população brasileira e fez a economia deslanchar quase que imediatamente e a retirada dessa ajuda fez o mercado se contrair também de imediato.
Não há redução de impostos que gere um efeito tão direto na economia e os empresários não estariam falando tanto em reforma tributária se tivessem acesso a um mercado quase duas vezes maior do que o atual. Infelizmente as contas públicas não aguentam mais um ano com um auxílio emergencial de 600 reais, mas é perfeitamente possível cortar despesas e viabilizar um valor de, digamos 300 reais, ainda que para isso seja necessário cortar subsídios e os excessos da máquina pública. A União gasta por ano 4,5% do PIB com subsídios e bastaria remanejar parte desses recursos para viabilizar o auxílio emergencial aos mais pobres. Subsídios são transferências de renda para os ricos, seja diretamente em setores da indústria e do agronegócio, através de créditos subsidiados do BNDES, ou incentivos ao setor privado na área de educação e saúde. Estudo recente da Made – USP mostrou que uma tributação do 1% mais rico da população que garanta R$ 125 por mês aos 30% mais pobres, aumentaria o PIB em quase 3% ao ano.
Esse deveria ser o foco da política fiscal, retirar subsídios e transferi-los para os pobres, não só porque reduziria as desigualdades sociais, mas principalmente porque estimularia a economia. Estima-se que cada dólar transferido para os mais pobres gere uma expansão de quase três dólares na economia. E mais, estudos mostram que reduzir os impostos dos 10% mais ricos têm baixo impacto econômico, mas quando isso é feito na classe média baixa e nos pobres o impacto na economia é enorme.
A VENDA DO PALÁCIO
É uma boa ideia transformar o Palácio dos Esportes, localizado na Praça Castro Alves, em hotel, como é a intenção do governo do Estado. No local já existe o Fasano, o Fera Palace Hotel e mais um equipamento traria vida e turistas ao local, ampliando as lojas e os serviços. Dar o mesmo destino ao Palácio Rio Branco é mais complicado, porque ali deveria estar um museu, não só histórico como museu de arte mesmo. Mas, talvez, não haja incompatibilidades. É muito bom ter hotéis e restaurantes naquela região, que junto com o Pelourinho, é uma marca da Bahia, mas é imprescindível criar em torno deles equipamentos que estimulem a atração e a locomoção das pessoas. Senão viram enclaves.
O MINISTRO E A FERROVIA
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tem muito prestígio na Bahia, especialmente quando o assunto é a Ferrovia Oeste Leste, mas nada fala sobre a Ferrovia Centro Atlântica, nem sobre a renovação da concessão dessa ferrovia que vai viabilizar R$ 4,5 bilhões em investimentos e a Bahia vai ficar com apenas 7%. A FCA opera hoje de maneira precária e vários trechos estão abandonados. Um exemplo: os trens ainda passam pela ponte que liga Cachoeira a São Félix construída pelo Imperador D. Pedro II. A renovação da concessão tem de vir junto com um plano de modernização de todas as linhas que passam na Bahia e com mudança de bitola para torná-las mais competitivas.