Após o vazamento de dados sem precedentes de mais de 200 milhões de brasileiros, contendo CPFs, endereços e salários, o CNN Brasil Business conversou com especialistas que alertam a população a certas precauções para evitar possíveis golpes e fraudes que possam surgir. Foram ouvidos Marcos Simplício, professor da USP e especialista em vazamento de dados e segurança da informação, Rodolfo Avelino, professor do Insper, consultor e especialista em segurança da informação, e Adriano Mendes, advogado especializado em direito digital, tecnologia e empresarial.
“O ideal é sempre entregar o mínimo de dados necessário para que um serviço seja executado”, diz Marcos Simplício, da USP. Por exemplo, ao usar o navegador Chrome, é possível estar logado em sua conta do Google para ter acesso a diferentes facilidades. Porém, isto permite à empresa rastrear tudo o que você faz ou deixa de fazer. “O jeito mais fácil de entregar todos os seus dados ao navegar na internet é enquanto você está logado no Google. Ele vai saber tudo: onde você clicou, o que você acessou e, como o Google tem todos os dados, dá para construir um perfil do seu comportamento”, afirma.
Muitos sites pedem a criação de uma conta ou confirmação de dados e termos para ter alguns tipos de acessos. É aí que mora o perigo. Segundo Avelino, do Insper, é preciso ter na vida online o mesmo cuidado que se tem na vida cotidiana, fora da internet. “Deixar de confiar plenamente na tecnologia, e quando for solicitado qualquer tipo de informação pessoal, ler os termos impostos pela empresa”, diz.
Avelino recomenda ficar atento a links suspeitos e mensagens nas redes sociais para evitar que dados sejam coletados e, posteriormente, possam dar origem a um golpe. “Quando você entra em um link comprometido, ao carregar o link na sua máquina, ela acaba sendo infectada”, afirma. “A dica é desconfiar bastante das mensagens instantâneas que podem chegar pelas redes e, sempre que tiver dúvida, não clicar”, completa.
Utilizar a mesma sequência de caracteres para diversas contas pode trazer muita dor de cabeça. Mendes recomenda ter cuidado com as senhas utilizadas para acesso ao e-mail, aplicativos de bancos, cartões e redes sociais. “A melhor solução é ter senhas diferentes e trocá-las de tempos em tempos, e realizar a autenticação em duas etapas, porque, se a pessoa tem seus dados, ela não consegue se passar por você”, diz.
Ao criar um perfil em alguma rede social, há uma série de campos a serem preenchidos, que vão desde seus hobbies, até local de trabalho, escolaridade, data de nascimento, telefone celular, grau de parentesco com familiares e, em alguns casos, tipo sanguíneo. Até que ponto vale a pena deixar todas essas informações expostas na internet?. De acordo Simplício, a exposição traz mais malefícios do que benefícios. “Colocar todos os seus dados costuma ser uma má ideia. Pense se vale a pena entregar de fato seus dados, sua lista de contatos, por causa de um login”, questiona.
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