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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: O PIB, A ESTATÍSTICA E A VENDA DA RLAM

Redação - 11/02/2021 08:28 - Atualizado 11/02/2021

“A estatística quando torturada confessa qualquer coisa” e com relação à economia baiana, esta semana ela foi torturada várias vezes. Tudo começou com a informação de que o PIB da Bahia representou 28,5% da economia do Nordeste em 2018, divulgada pela SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais. A informação foi questionada por não ter agregado que o PIB da Bahia já representou 40% do PIB nordestino e estava perdendo participação.

A primeira estatística foi uma foto sem qualificação e passou uma informação pontual. A segunda registrou uma obviedade, afinal, todos os estados que são líderes regionais tendem com o tempo perder um pouco de participação. São Paulo, por exemplo, já representou 45% do PIB brasileiro e hoje representa apenas 32%. Na verdade, ao longo dos últimos 20 anos, o PIB da Bahia sempre representou cerca de 30% do PIB do Nordeste – variando  entre 28% e 32% – dependendo das especificidades de cada ano. O mesmo se dá com a participação do PIB baiano no PIB nacional, que varia entre 3,8% e 4,1%.  E não dá para fazer ilações com dados pontuais.

A perda de participação do PIB da Bahia em relação ao PIB do Nordeste se deu por causa do setor industrial que caiu muito no período 2016/2018  por conta da a queda drástica na produção da RLAM – Refinaria Landulpho Alves, que caiu pela metade entre 2014 e 2018, e ela sozinha, representa cerca de 30% do produto industrial da Bahia e na época algo como 4% do PIB baiano.

A produção voltou a aumentar em 2019 quando a refinaria começou a produzir o bunker, óleo combustível para navios com baixo teor de enxofre, de alta demanda e é  provável que os dados de 2020 já mostrem uma participação maior da  Bahia no PIB do Nordeste. É verdade que o fechamento da Ford vai puxar a participação para baixo, mas a produção de veículos representa 4% da produção industrial, enquanto a refinaria é responsável por 30%.

É verdade que a indústria baiana precisa ser repensada, mas vamos devagar com o andor, pois ela é praticamente do tamanho da indústria de Pernambuco e Ceará somadas. E aqui vem a notícia de que a RLAM foi privatizada. Bom, ninguém paga US$  1,6 bilhão para manter uma fábrica pouco competitiva, portanto é provável que haja investimentos, mais produção e produtividade e novas relações interindustriais.

O problema é que a indústria baiana sempre foi concentrada em petróleo e petroquímica, que representam quase 50% de nosso parque fabril, e isso a torna dependente das crises internacionais. O fim da produção de veículos amplia essa concentração, sendo urgente, portanto, atrair novas indústrias e investir na diversificação  do setor industrial.

                                                 A VENDA DA RLAM

A venda da Refinaria de Mataripe ao grupo Mubadala por US$ 1,65 bilhão será concluída nos próximos 30 ou 60 dias após ser analisado pelo CADE e ANP. A previsão  é de Roberto Ardenghi, diretor da Petrobras, que festejou o fim do monopólio do refino no Brasil e a vinda de um grande player  internacional para investir na Bahia.  E  RLAM não precisará mais vender seus produtos em locais pré-determinados pela estatal. Ardenghi afirmou que o valor pago pelo fundo árabe foi o preço justo do ponto de vista financeiro atestado por assessores financeiros independentes. E que a Petrobras continuará operando a refinaria na forma de prestação de serviços até que o fundo árabe indique um novo operador.

                                                          ROBERTO SANTOS

A Bahia perdeu está semana um governador que marcou sua história.  A concretização do Polo Petroquímico, a construção do maior hospital de Salvador, o Centro de Convenções –  obra de arte arquitetônica na linha do Museu George Pompidou em Paris –  os investimentos em Ciência e Tecnologia são apenas algumas das suas realizações. E Roberto fez a indicação do primeiro prefeito negro de Salvador, o confrade e amigo Edvaldo Brito que realizou uma gestão séria e  operosa.  Roberto Santos foi um homem inteiramente dedicado à causa pública. Ele e Maria Amélia, uma prima especial com quem tive o prazer de conviver e trabalhar, fizeram da luta por uma Bahia melhor um objetivo de vida.

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