A eleição para Prefeitura de Salvador, que deu a vitória a Bruno Reis foi a mais previsível das disputas eleitorais do últimos anos. A vitória de Bruno Reis era previsível, o nível de abstenção, que chegou a 26,5% foi previsto pelo Bahia Econômica (aqui) e era previsível que o Prefeito ACM Neto conseguiria maioria absoluta na Câmara de Vereadores com os partidos que apoiaram seu candidato fazendo 31 vereadores, o que representa 72% do total (aqui).
Mas, apesar da previsibilidade, essa eleição traz informações estratégicas para o futuro político da Bahia. Desde logo, fica patenteado o óbvio e se consolida a força das duas maiores lideranças políticas do Estado neste momento: ACM Neto e Rui Costa. A vitória de Neto, que preparou e moldou o candidato a sua sucessão durante mais de quatro anos, é incontestável. A estratégia foi bem montada e deu resultado. Mas a performance do governador Rui Costa, apesar do erro estratégico que o PT sempre comete em Salvador, foi muito boa, afinal sua candidata que nunca fez política e que ninguém conhecia, obteve em pouco mais de 2 meses de campanha quase 20% dos votos do eleitorado.
O erro estratégico que o PT e seus aliados sempre cometem em Salvador tem a ver com a demora na preparação do candidato que vai disputar a eleição. Em todas as eleições o partido se perde em uma discussão sem fim sobre o nome mais adequado para concorrer e, como nunca se chega a um consenso, a única saída é a estratégia de apresentar vários candidatos tentando forçar um segundo turno. E, enquanto isso acontecia o prefeito ACM Neto fazia o contrário, passando mais de quatro anos anunciando e divulgando o seu candidato.
Analisar os erros de uma eleição que passou não tem graça, o que se faz necessário é olhar para frente, para as eleições de 2022. Mas nas eleições de 2022 serão muitos os fatores envolvidos, e a força do pleito presidencial vai determinar ou pelo menos influenciar fortemente o pleito nos estados. De todo modo, permanece a polarização entre as duas principais lideranças políticas do Estado, – afinal não parece crível uma aliança entre o DEM e o PT – sendo que agora será o governador Rui Costa que terá de preparar seu sucessor levando em conta que isso envolve os 517 municípios, até porque partidos como o PSD de Otto Alencar e o PP de João Leão saíram fortalecidos nas eleições municipais e tanto um quanto o outro são forças capazes de influir na eleição para governador.