O Rappi, que é o terceiro maior do mercado, enviou para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma representação contra o líder iFood. E se antes a briga era através de cupons de desconto, agora partiu para a disputa no tribunal.
O principal motivo é a questão dos acordos de exclusividade. Segundo uma pessoa com acesso ao documento enviado ao Cade, a reclamação do Rappi é que o iFood aproveita do seu tamanho para fazer propostas de exclusividade mais robustas e, assim, concentra cada vez mais o mercado.
De acordo com levantamentos realizados dentro do setor com consultorias independentes, estima-se que o iFood possua 75% do mercado, seguido por Uber Eats, com cerca de 14%, e em terceiro vem o Rappi, com 7% de participação. Isso, segundo consultores, faz a empresa ter uma espécie de ‘bolso infinito’ para ‘comprar exclusividade’.
Por isso, na visão de pessoas com acesso ao processo, “existe um elefante na sala.” Quanto mais o iFood cresce, pior vai ficar para o mercado, segundo eles. “Mesmo na pandemia e com base maior, o iFood cresceu mais do que a concorrência na pandemia”, diz uma fonte.
Mas é bom lembrar que não é apenas o iFood que tem essa prática do mercado.
A CNN apurou que uma grande rede de supermercados de São Paulo recebeu uma proposta de R$ 5 milhões do Rappi pela exclusividade. Logo depois, veio o iFood e ofereceu o pagamento da multa e R$ 7 milhões pelo contrato. O Rappi abriu a carteira e ofereceu R$ 9 milhões para fechar o contrato.
Como se trata um negócio relativamente novo – e que disparou com a pandemia –, havia uma ideia de que o Cade precisa ter mais atenção. Procurado, o Cade afirmou que “não emite manifestação fora de processos públicos em tramitação na autarquia.”
Foto: Luisa Gonzalez/Reuters