O Instituto de combate aos diversos tipos de violência que atingem mulheres brasileiras, AzMina, em parceria com o centro de pesquisa em direito e tecnologia, InternetLab e com o Instituto Update, apresentou os resultados do primeiro levantamento do MonitorA –, ferramenta desenvolvida para avaliar o fenômeno da violência e do discurso de ódio contra as mulheres no âmbito da disputa política e de sua intensidade no ambiente virtual.
O monitoramento do perfil de 123 candidatas às prefeituras e câmaras municipais no Twitter registrou quase 11.000 tuítes com termos ofensivos em apenas um mês. Ao menos 1,2 mil deles eram xingamentos direcionados diretamente às candidatas, que geralmente apelam a estereótipos relacionados ao corpo, à sexualidade, à estética e à beleza.
Entre as 10 candidatas mais atacadas, estão três das 35 postulantes a prefeita monitoradas. A maioria dos tuítes ofensivos à Joice Hasselmann (PSL), candidata à prefeitura de São Paulo, caracterizava gordofobia. À segunda colocada no ranking, Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre, foram direcionados termos ofensivos como bandida e hipócrita, além de descredibilização por sua filiação partidária.
Logo na sequência, está Benedita da Silva (PT), no Rio de Janeiro, alvo, principalmente, de racismo e machismo. Há ainda candidaturas que são alvo de comentários transfóbicos, como é o caso da co-deputada Érika Hilton, que disputa uma vaga na Câmara de São Paulo.
Em Salvador, a candidata do PT à prefeitura de Salvador, Major Denice Santiago (PT), foi alvo de notícias falsas, discursos racistas e de desqualificação de sua imagem. A candidata do PCdoB, Olívia Santana (PCdoB), afirma que apoiadores de outros candidatos têm buscado suas redes sociais para realizar provocações, mas nenhum com teor criminoso. Ela afirma, entretanto, que tem ouvido relato de candidatas a vereador que estão sendo vítimas de assédio durante os seus atos de campanha.