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SP TERÁ ESCULTURA DE TEBAS, ÍCONE DA ARQUITETURA NO BRASIL QUE FOI ESCRAVIZADO

Redação - 27/10/2020 17:30 - Atualizado 27/10/2020

Em 20 de novembro, dia da Consciência Negra, a capital paulista ganha uma escultura de homenagem ao arquiteto e artesão Joaquim Pinto de Oliveira, que adquiriu notoriedade não só por seu trabalho, mas por dar visibilidade ao racismo no Brasil. Conhecido por Tebas, ele assumiu a construção da primeira torre da Matriz da Sé, entre 1750 e 1755, após a morte do homem que se considerava seu senhor, e reformou-a, em seguida, em troca de sua alforria.

Criada pela arquiteta Francine Moura e pelo artista plástico Lumumba Afroindígena, ao longo de dois meses, a escultura, feita de aço inox
, ferro
 e concreto, tem 3,6 metros de altura por 1,5 metro de largura e 2,6 metros de profundidade e ficará no centro da capital. O monumento será oficialmente inaugurado no dia 3 de dezembro, com organização da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Habilidoso no entalhe e na ornamentação de pedras, Tebas acabou se tornando um ícone da arquitetura colonial. Conforme evidencia o livro Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata, organizado por Abilio Ferreira, o racismo, que também permeia a área de arquitetura e urbanismo, ocasionou, no caso de Tebas, a falta de reconhecimento. Até mesmo um historiador, Nuno Sant’Anna, levantou suspeita sobre a vida e a capacidade de Tebas, por ele possuir um sobrenome e saber ler e escrever, algo que não era comum a escravos, mas que, na realidade, indicava que um movimento de emancipação estava em curso.

Segundo os autores do livro, Tebas desenvolveu diversas tarefas, a pedido de líderes religiosos do município, sendo que, em pelo menos quatro igrejas foram encontrados documentos comprovando sua participação: na construção da Matriz, na do Mosteiro de São Bento (1766), na obra da capela da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco e na da capela da Ordem Terceira do Carmo. Também foi autor da torre do Recolhimento de Santa Tereza, edifício construído em 1685, na atual Rua do Carmo, e demolido no início do século XX, e do Chafariz da Misericórdia, obra em que atuou como engenheiro hidráulico. Foi devido à aptidão demonstrada no projeto do chafariz que recebeu o apelido de Tebas, que significa algo como “homem que tudo faz”, em kimbundu, língua africana.

 

 

 

 

Foto: Marcel Farias

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