Um fantasma ronda as eleições municipais em Salvador: o fantasma da abstenção. Há fatores que fazem crer que, por motivos diversos, a eleição de 2020 em Salvador terá o maior número de abstenções da história. Em primeiro lugar porque a pandemia, que tem afastado eleitores das urnas em todo mundo, vai compor um cenário que fatalmente se repetirá nas eleições municipais em Salvador e em todo Brasil.
É verdade que no Brasil o voto é obrigatório, o que leva a um comparecimento maior da população às urnas, mas especialistas afirmam que ainda assim haverá um crescimento significativo da abstenção em relação a disputa eleitoral de 2016. Neste ano, 17,6% do total de brasileiros aptos a votar não compareceram as urnas e a tendência é que em 2020 esse percentual seja muito maior, especialmente em Salvador.
Isso porque o cenário das eleições para prefeito de Salvador, com um candidato bem à frente dos demais e com possibilidades de ganhar no primeiro turno, não estimula a militância, nem torna a ida às urnas uma necessidade premente, pois fica a ideia de que a eleição já está decidida. Na verdade, o eleitor, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, vai ter medo de contrair a Covid-19 nas filas que inevitavelmente se formarão nos locais de votação e muitos vão considerar que seu voto individual não será importante em uma eleição que tem um candidato bem à frente dos demais.
Além disso, há em Salvador um certo esfriamento da campanha eleitoral, já que não é possível a realização de grandes eventos de rua e de debates pelas redes de televisão e, para completar, a abstenção no Brasil vem crescendo nas três últimas eleições municipais, indicando haver um certo “desalento” dos eleitores, do tipo: “não adianta votar, pois nada muda”.
O fantasma da abstenção já é detectado pelos institutos de pesquisa e o Ibope contatou que em Salvador apenas 69% da população pretende ir às urnas com certeza e esse numero tende a ser muito menor com as notícias de que os casos de Covid 19 estariam aumentando. E para completar, pela primeira vez neste ano, o aplicativo e-Título, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poderá ser usado pelos eleitores para justificar a falta até 60 dias depois da eleição, o que tornará mais fácil justificar a ausência.
O fato é que o fantasma da abstenção está pairando sobre a cabeça dos candidatos na eleição municipal de Salvador e não se sabe qual o seu impacto na votação para prefeito e vereadores. (EP – 27/10/2019)