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COVID-19: OU DE COMO A TV GLOBO NÃO SABE A DIFERENÇA ENTRE FLUXO E ESTOQUE

Redação - 24/08/2020 08:11 - Atualizado 24/08/2020

Quando se trata das estatísticas de Covid-19, o Brasil se transformou num “samba do crioulo doido”. Ninguém sabe exatamente o que está acontecendo em cada estado da federação, pois, enquanto o Jornal Nacional afirma, por exemplo,  que a pandemia no Rio de Janeiro está em alta, os indicadores médicos – ocupação de leitos de UTIs, sistemas de regulação, ociosidade dos hospitais de campanha –  mostram exatamente o contrário. O mesmo está acontecendo na Bahia, São Paulo e em outros estados. O que está havendo?

A resposta é simples: alguém precisa explicar a TV Globo, ao Consórcio de Veículos de Imprensa, às secretarias estaduais de Saúde a diferença entre fluxo e estoque.

A média mensal de casos e mortos por Covid-19 apresentada pelo Jornal Nacional todas as noites está correta, mas está medindo somente o estoque. Ou seja, está medindo a quantidade de pessoas que morreram por causa do vírus independentemente do dia em que isto aconteceu.  Está, portanto, medindo o estoque de mortes a medida que elas estão sendo notificadas.

É uma informação importante e mostra a incompetência do governo brasileiro no combate a pandemia, mas não diz como a pandemia está evoluindo em cada local, pois é uma informação incompleta.

Para dar a informação completa aos brasileiros, a TV Globo precisaria divulgar, além da estatística de estoque, aquela que mede o fluxo: ou seja, o número exato de pessoas que morreram num dia determinado por causa da doença. Aí não interessa quando a morte foi notificada, interessa quando ela efetivamente ocorreu e é isso que vale para verificar a tendência diária do crescimento de casos e mortes.

Então: Estoque refere-se ao número global num determinado período de tempo; fluxo fala do número total num dia e assim estabelece tendência. Saber que morreram 115 mil pessoas no Brasil é importantíssimo para assim medir a incompetência de um governo que negou a pandemia, mas isso é estoque não serve para fazer política pública. O que serve para fazer política pública é o fluxo, o número diário de casos e de mortos efetivamente verificados num dia e que vai determinar qual a taxa de ocupação das UTIs, qual a pressão no sistema de regulação, qual a ociosidade dos hospitais de campanha.

Como o Jornal Nacional não distingue o que é fluxo do que é estoque, o Brasil virou uma loucura e assim, esta semana soubemos que a  Bahia é um dos estados em pior situação no país, quando na verdade a Bahia está em pleno platô,  reduzindo diariamente os casos e mortes. Mas como a Secretaria de Saúde está contabilizando mortos de 30, 60, e até 90 dias atrás, lançando-as num só dia, os gráficos pulam para cima.

Mas o brasileiro não precisa se desesperar, pois os dois gráficos vão gradualmente ficar parecidos, já que – quando todas  as notificações antigas de mortes forem atualizadas –  a média móvel de notificações vai se igualar a média efetiva de mortes.

Mas quando não se distingue  fluxo de estoque as estatísticas de Covid-19 transformam-se  num samba do crioulo doido. (EP – 24/08/2020).

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