O Brasil já registrou 142 casos de uma síndrome em crianças que pode ter ligação com a Covid-19, doença causada pelo coronavírus. É o que mostra um levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, divulgado hoje (22). Batizada de Sim-P, a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica é apontada com associação ao vírus por conta dos sintomas que desperta nos mais jovens. Embora a maioria das crianças e adolescentes tenha quadros leves de infecção pelo novo coronavírus, uma parte pequena vem chamando a atenção por registros de um quadro considerado grave.
Os registros apontam para um quadro que começa com febre alta e contínua, com possibilidade de dor abdominal, vômito e diarreia, além de conjuntivite e aparecimento de erupções e inflamações na pele. Em nível mais grave, pode haver comprometimento de órgãos. Desses 142 casos, foram registradas nove mortes. O levantamento da Folha foi feito com base em dados de secretarias estaduais de Saúde e do Ministério da Saúde. Os estados de Santa Catarina, Roraima, Rondônia, Amapá, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Alagoas não responderam. Os casos foram registrados em 15 estados e no Distrito Federal, que também têm outros dez casos em investigação.
Oficialmente, o ministério confirma 117 casos até dia 8 de agosto, em oito estados e no DF. A notificação, porém, não é obrigatória em nível federal, o que tem feito Secretarias Estaduais de Saúde reforçarem o monitoramento nos municípios. Um alerta foi feito em maio pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), diante do aumento nos relatos. Um novo documento foi elaborado pelo Ministério da Saúde em 20 de julho, orientando a identificação. “A partir daí caminhamos para um quadro multissistêmico, em que há o envolvimento de muitos órgãos. Há alterações cardíacas, alterações respiratórias, no sangue, na pele, nos olhos e no sistema nervoso”, diz Marco Aurélio Sáfadi, presidente do departamento de infectologia da SBP. Segundo ele, porém, a intensidade e o quadro pode variar em cada criança.
Especialistas e o Ministério da Saúde apontam que a maioria das crianças diagnosticadas tem resultado negativo em testes de RT-PCR, que avaliam infecção aguda para o novo coronavírus, mas positivo em testes de anticorpos, o que levanta a hipótese de uma possível manifestação tardia dos sintomas da Sim-P.
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