O que será do Brasil? A pergunta me veio após uma conversa com um trabalhador informal sobre sua situação na pandemia. A resposta foi imediata: estou melhor do que antes. E a explicação: “continuo fazendo meus bicos e agora recebo R$ 600,00 por mês”. É perfeita a lógica do trabalhador e os indicadores mostram que a desigualdade social no Brasil se reduziu na pandemia, o que é bom para o país, mas esse estado de coisas não é sustentável, por um motivo simples: a redução das desigualdades não está se dando através da transferência de renda dos mais ricos para os mais pobres – está se dando única e exclusivamente por aumento nos gastos do governo.
O que será deste país que age como se não houvesse futuro? A pergunta me veio ao perceber que a proposta liberalizante e privatista do governo Bolsonaro desapareceu completamente, que Paulo Guedes já se tornou passado e que o presidente está preocupado unicamente em manter o auxílio emergencial até o final do ano e fazer a transição para o novo programa de renda mínima, o Renda Brasil, uma ampliação do Bolsa Família, que pretende ampliar o beneficio dos atuais R$ 190,00 para R$ 300,00, já em janeiro de 2021. Ambos os movimentos são bons para o Brasil no primeiro momento, afinal, o trabalhador terá mais recursos para consumir e isso vai ampliar o consumo e vai dinamizar a economia.
Mas sinto dizer ao leitor: já vimos esse filme e ele não tem final feliz! Tudo indica que mais uma vez a ampliação do programa de renda mínima vai ser custeado com o aumento de gastos do governo e para isso será necessário furar o teto de gastos e ampliar a dívida pública que atingiu em junho 85,5% do PIB e pode fechar 2020 em 100% do PIB. Será necessário também aumentar os impostos para fazer frente as novas despesas e isso se dará em cascata, além do que estados de municípios, ao verem a torneira de recursos federais ser fechada, vão aumentar taxas e impostos.
O fim do filme é conhecido: um voo de galinha que faz a economia crescer baseada no consumo, para logo depois se deparar com a inflação em alta, os juros voltando às alturas, as contas públicas descontroladas, a produtividade despencado e “tudo será como d’antes no quartel de Abrantes”. E vale lembrar: o problema não é o programa de Renda Mínima, que no mundo inteiro de faz de forma clara, tirando de uns e dando a outros, o problema é achar que o Estado é uma instituição etérea capaz decriar dinheiro do nada. Em resumo: se não houver definição clara da origem de recursos, o renda mínima e o pró Brasil serão o embrião de uma nova aventura populista.
BAHIA: OBRAS DE INFRAESTRUTURA
A Bahia está montando um sistema de infraestrutura pesada para escoamento da sua produção. O eixo principal é a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cujo trecho entre Ilhéus e Caetité terá edital de concessão publicado até o fim do ano e leilão marcado para o primeiro trimestre de 2021. O Porto Sul, cujo início das obras já foi anunciado pela Bamin Mineração, integra essa eixo. E há a concessão dos terminais portuários no Porto Aratu-Candeia e a expansão, já concretizada, do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, que terá um píer de 800 metros. Além disso, surge o terminal portuário do Estaleiro Enseada e o Terminal de Madre Deus, que será privatizado com a RLAM.
CONSTRUÇÃO CIVIL NA BAHIA
O setor imobiliário na Bahia foi o menos afetado pela pandemia, já que nunca o setor registrou taxa de juros tão baixas, o que vem estimulando a compra de imóveis. Por outro lado, com a Taxa Selic em 2%, o investidor que não tem mais como aplicar em renda fixa e não quer se arriscar na Bolsa de Valores terminou aquecendo o mercado de imóveis. Só em Salvador, estão previstos para setembro 12 novos lançamentos imobiliários na Barra, Vitória, Stella Maris e Pituba, segundo informa a Ademi e o Horto Florestal tem atualmente 6 empreendimentos sendo construídos. Aliás, é hora da Ademi voltar a publicar a pesquisa trimestral que permitia o acompanhamento das vendas e dos lançamentos no setor.