A única saída para que a oposição ao Presidente Bolsonaro possa enfrentar seu avanço na região Nordeste, já claramente estabelecido, seria a transformação do Consórcio Nordeste, hoje presidido pelo governador Rui Costa, em um movimento estruturado de oposição.
A proposta está no artigo de Mathias Alencastro, publicado nesta segunda-feira no jornal Folha de São Paulo, e parte do pressuposto de que o “avanço de Jair Bolsonaro no Nordeste não é um acidente provocado pela pandemia, mas o destino natural do seu projeto de poder”. Segundo o articulista, a extrema direita se move pelo desejo de conquistar os bastiões dos seus inimigos políticos e Bolsonaro estaria preparando uma batalha regional.
Alencastro diz ainda que a estratégia do PT de apostar na nostalgia lulista de um eleitorado jovem, transformado por uma revolução do mercado do trabalho e da comunicação, está fadada ao fracasso. Ele afirma que Bolsonaro foi eleito por uma mistura de sentimento antipolítico, rejeição à alternativa eleitoral e desalento generalizado, mas que isso muda na próxima eleição. Em 2022, João Doria será um dos seus mais ferozes opositores, Wilson Witzel terá regressado ao anonimato de onde nunca deveria ter saído, e o fantasista Romeu Zema está condenado a ser derrubado pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil.
Com esse campo de ruínas, Jair Bolsonaro terá de se apresentar como um candidato puro-sangue de extrema direita, sem partido organizado, mas com um poderoso movimento de massa no Nordeste e no Centro-Sul, onde estaria criando uma hegemonia nas periferias das grandes cidades.
Nesse contexto, a Região Nordeste seria o principal palco eleitoral e o Consórcio Nordeste e o autor afirma que neste momento “essa geringonça regional” seria o único ponto de partida possível de um novo projeto progressista nacional. (EP-17/082020)
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