A Bahia tem previsão de produzir uma safra recorde de grãos em 2020. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a atualização do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). O milho é o grande responsável por esse aumento. A tendência é que 1,8 milhão de toneladas sejam produzidas neste ano e isso representa um aumento de quase 32% em relação ao ano passado. Em julho, a estimativa para o estado é de uma produção de 9.534.331 toneladas de grãos neste ano, a maior da série histórica do acompanhamento de safra do IBGE, iniciado em 1972.
Analista de dados do IBGE, Mariana Viveiros explica que apesar de puxar a estimativa para cima, o milho não é o principal grão produzido pela Bahia, que tem na soja o seu artista principal. Municípios da região Oeste como Barreiras e Luís Eduardo Magalhães são os destaques nesse tipo de colheita. No entanto, aqui não estamos falando daquele milho de São João, que nós, humanos comemos e utilizamos para uma série de receitas como bolos, pamonha e similares. Mariana Viveiros explica que aqui a produção é das chamadas commodities, produtos que são produzidos em larga escala e podem ser estocados sem perda de qualidade.
Mas a que se deve esse aumento? A especialista conta que houve um ganho de produtividade. Ou seja, investiu-se mais em tecnologia para o plantio dos milhos porque o valor de exportação está vantajoso, leia-se mais caro, para os produtores. No Oeste da Bahia há a plantação de milho com mais tecnologia e por isso a produtividade não aumentou tanto. Conselheiro técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Sthalke explica que o Oeste aiano é responsável por 160 mil hectares de produção no estado e tem produtividade girando em torno de 150 sacas por hectare.
O conselheiro aponta que um fator fundamental para que essa safra aumentasse, principalmente para os pequenos produtores, foi o volume de chuvas que caiu em abundância no território baiano durante os seis primeiros meses do ano. “A produtividade média geral é baixa. Aqui em nossa região há um maior investimento em tecnologia e por isso devemos ter um salto de 140 para 150 sacos por hectares. Mas esse não é o cenário de todo o Estado. Esses milhos que não são plantados com alta tecnologia têm produtividade de 50 a 80 sacos por hectare. Ou seja, com o aumento das chuvas foram os produtores de pequenos porte quem tiveram esse grande aumento no rendimento”, explicou.
Cerca de 75% da produção de milho tem como destino a alimentação animal e serve de insumo para a indústria da carne. Neste caso, o milho é cultivado em grande escala, na versão seca, colhido em 120 dias já com o grão duro, no ponto ideal para a ser triturado e transformado em ração. Cerca de 60% deste volume vira matéria prima para ração de aves. Outros 32% vão para as granjas de suínos. Aproximadamente 5% são reservados para as indústrias de sementes, e 3% vão para a pecuária, de acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde se concentram muitas indústrias moageiras.
Uma outra pequena parcela da produção nacional de milho, menos de 10%, é direcionada para fabricação de produtos variados que vão desde cosméticos, talcos, chicletes, biodiesel, até produtos farmacêuticos. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a venda para o mercado externo também será favorecida por causa do valor de câmbio elevado e a quantidade de negociações antecipadas que estão ocorrendo. Ou seja, com medo de uma alta ainda maior, há países que estão comprando produtos braisleiros de forma antecipada.
Ainda segundo a Conab, a produção nacional de grãos deve chegar a 253,7 milhões de toneladas em 2020. Cerca de 90% de toda a produção no país é composta por soja e milho. No caso da soja, “o mercado indica uma estimativa de exportações sem igual este ano, com 82 milhões de toneladas”. E a projeção é de preço elevado ao longo de todo o período de comercialização da safra.
“O aumento na previsão do milho se deveu a ganho de produtividade, uma vez que a área plantada com a cultura se manteve estável entre junho e julho, em 363.500 hectares”, explica Mariana Viveiros. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é realizado mensalmente pelo IBGE. O grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas (grãos) engloba os seguintes produtos: arroz, milho, aveia, centeio, cevada, sorgo, trigo, triticale, amendoim, feijão, caroço de algodão, mamona, soja e girassol.
A partir das informações desta sétima estimativa, a Bahia deve se manter, em 2020, com a oitava maior produção de grãos do país, respondendo por 3,8% do total nacional. Mato Grosso deverá continuar na liderança, respondendo por 28,7% do total, seguido, mais uma vez, por Paraná (16,3%) e Rio Grande do Sul (10,8%).
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