Após a saída do MDB e do DEM do chamado Centrão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, ontem, que a divisão do grupo é “natural e segue um padrão estabelecido pela prática congressual”. “Nada tem a ver com a eleição para a Mesa Diretora em 2021, para a qual tradicionalmente são formados novos blocos”, afirmou Maia em nota. O presidente da Câmara buscou afastar a ideia de que o desembarque do DEM e do MDB, antecipado pelo Estadão/Broadcast, esteja ligado a “divergências” ou com sua sucessão. O deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), que comanda o blocão, é pré-candidato à presidência da Câmara e tem a simpatia do presidente Jair Bolsonaro.
“A respeito das afirmações de que a saída do MDB e do DEM do bloco partidário liderado pelo deputado Arthur Lira teria relação com divergências internas entre as siglas ou, ainda, com as eleições para a Mesa Diretora do próximo biênio, julgo importante esclarecer que a formação e desfazimento dos blocos no início de cada sessão legislativa é prática reiterada na Câmara”, disse Maia.
Planalto. Líderes dos dois partidos, no entanto, admitem que o afastamento tem como uma das motivações a proximidade de Lira com o Palácio do Planalto. O alinhamento com Bolsonaro, dando as cartas sobre indicações para cargos no Executivo, acirrou a divisão e reforçou a decisão do desembarque. “Nós temos total independência”, disse o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP).
A saída do DEM e do MDB do grupo escancara também a divisão dos partidos da Casa em votações cruciais, como a reforma tributária Enquanto o Centrão de Lira age para emplacar o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia e as bancadas do DEM e do MDB patrocinam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada por Baleia Rossi. O mesmo confronto é esperado na sucessão na Mesa Diretora, marcada para fevereiro. Maia não apoia Lira e quer fazer seu sucessor, lançando outro candidato com apoio do DEM e do MDB.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados