O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, errou ao dizer que assintomáticos não transmitem a Covid-19. A afirmação vai de encontro com as informações, baseadas em estudos científicos, da própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que enfatiza a vigilância sobre o contato com essa população.
A fala de Pazuello aconteceu nesta quinta-feira em uma visita à capital do Paraná para tratar das ações conjuntas de enfrentamento à pandemia do coronavírus. A declaração foi dada durante uma coletiva ao lado do governador do estado, Ratinho Jr. (PSD), e do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM). Na ocasião, ele falava sobre a reabertura da economia e da flexibilização das medidas de isolamento social em algumas localidades do país.
— Se o gestor definir pela abertura de uma área essencial ou de produção, tem que ter a estrutura de triagem e de acompanhamento médico dos primeiros sintomas. Se o caso é assintomático, ele está trabalhando, mas também não transmite. Se o caso é sintomático, ele tem que aparecer na primeira hora — disse o interino.
A infecção por Sars-Cov-2 acontece a partir do contato de gotículas que são expelidas quando uma pessoa contaminada tosse, espirra ou fala, com as mucosas dos olhos, nariz e boca. A OMS reitera que “é possível pegar Covid-19 de alguém com tosse leve e que não se sente doente” e que “alguns relatórios indicaram que pessoas sem sintomas podem transmitir o vírus”, no entanto, ainda não se sabe exatamente a extensão dos casos nem com que frequência isso acontece.
Epidemiologista e professor da Uerj, Guilherme Werneck considerou a fala de Pazuello um equívoco e afirma que os casos assintomáticos podem, sim, transmitir a doença, sendo imprescindível que essa população seja considerada nas medidas de controle.
— O assintomático não transmite tanto como o sintomático, isso é um fato. Mas eles ainda podem, sim, transmitir a doença. Tem casos também que o indivíduo transmite antes de ter sintomas, ou seja, a pessoa que é pré-sintomática já está espalhando antes de apresentar os sinais — explica o médico. — Então, são duas situações: a pessoa que é assintomática, mas que vai virar sintomática e que já está transmitindo o vírus; e o indivíduo infectado que sempre fica assintomático e que também pode transmitir.
Em nota ao Jornal Nacional, o Ministério da Saúde disse que acompanha os estudos sobre os assintomáticos, que têm risco de transmissão, embora potencialmente menor, e que a recomendação da pasta é de manter o distanciamento de no mínimo um metro e observar as etiquetas respiratórias.
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