Nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas externas do agronegócio nacional somaram a expressiva cifra de 42 bilhões de dólares, representando um incremento de quase 8% em relação a idêntico período do ano passado. O volume embarcado aumentou cerca de 13,7%, ante um recuo de 5,1% no índice de preços. O volume recorde de exportações ajudou a reforçar a importância do setor agropecuário para a nossa balança comercial num momento de muitas incertezas na economia brasileira e mundial.
O Ministério da Agricultura, não obstante os auspiciosos números acima, observa, porém , que continua elevada a concentração das exportações setoriais, tanto por destino quanto por produto, conforme mostrado a seguir.
Com efeito, só as vendas de soja em grão para a China representaram 28,3% do total das exportações do agro brasileiro para o mundo. A Ásia, excluindo o Oriente Médio, absorveu 56,2% de nossas vendas ao exterior nos cinco primeiros meses deste ano, um aumento de 25,1% quando comparado ao intervalo entre janeiro e maio de 2019, sendo o único destino regional a registrar acréscimo de nossas exportações. As exportações para a China participaram com 39,5% do total setorial , com cerca de 16,5 bilhões de dólares; em 2015, a parcela chinesa em nossas vendas externas. era de 28%. As vendas para a China no período aqui aludido equivalem à soma das exportações para a União Europeia, EUA, África , Oriente Médio e América Latina e Caribe, excluindo o México.
A soja, produto mais dinâmico de nossa pauta, rendeu uma receita cambial de 16,34 bilhões de dólares, com um volume exportado de mais de 48 milhões de toneladas. A participação do agronegócio nas exportações totais brasileiras subiu dos históricos 40% habituais para 49,7% no período de janeiro a maio deste ano. Isso se deve ao dinamismo do nosso agronegócio, mas pesou também o menor dinamismo das vendas dos demais setores produtivos. Com essa evolução, torna-se imperioso para o Brasil diversificar pautas produtivas e mercados destinatários. Fruticultura, algodão, carne bovina in natura e carne suína são algumas de nossas possibilidades. Só em carne bovina in natura temos grandes perspectivas se obtivermos o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, previsto para os próximos dois ou três anos.
Finalmente, temos uma frente de preocupação no horizonte com os subsídios adicionais de países desenvolvidos aportados ou anunciados recentemente. Austrália, Nova Zelândia, Canadá , Japão e EUA, dentre outros, estão apoiando de forma generosa e talvez distorciva os agricultores locais. Teremos possivelmente que questionar alguns desses casos na Organização Mundial do Comércio.