Jair Bolsonaro afirmou durante transmissão há pouco em suas redes sociais que o nome de Augusto Aras está cotado “para uma terceira vaga” no STF. “Tem uma vaga prevista pra novembro e outra pro ano que vem. O Aras, nessas duas vagas, não tá previsto o nome dele. Costumo dizer que tenho três nomes, que não vou revelar, que eu namoro pra indicar pro STF. Um vai ser evangélico, tenho um compromisso com a bancada evangélica. Uns dizem que tá confundindo com religião. Tem nada a ver, tem nada a ver. Ele tem que ter conhecimento e realizar o seu papel ali. (…) O Augusto Aras, se aparecer uma terceira vaga, o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga. Conheci em agosto do ano passado, gostei muito dele. Está tendo uma atuação, no meu entender, excepcional, em especial nas pautas econômicas”.
Aras tem sido criticado internamente no MPF por ser leniente com uma série de posturas do presidente da República, em nome de uma eventual indicação para o STF. É a Aras que cabe investigar o presidente em qualquer caso. A Constituição coloca sobre os ombros de duas figuras o poder de iniciar um processo contra o presidente da República. Quando são crimes de responsabilidade, o pontapé de um eventual impeachment cabe aos 513 deputados. Em caso de um crime comum, só o procurador-geral da República pode dar início ao processo de responsabilização de um presidente.
Cabe ainda ao procurador-geral fiscalizar cada ato do presidente, no esforço de cumprir a missão confiada ao Ministério Público, também pela Constituição, de zelar pelos interesses da sociedade e pela garantia dos direitos. Mas, com pouco mais de seis meses no cargo, Augusto Aras vive hoje com a sombra da suspeita de não exercer com a independência necessária essa função. Em Brasília, a percepção é que ele é só mais um ministro, como Sergio Moro ou Damares Alves, leal a Bolsonaro e com esforços concentrados menos no Ministério Público Federal (MPF) e mais na cadeira que almeja ocupar em breve, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ministros do STF afirmam privadamente que veem Aras como um dos mais dedicados candidatos à vaga de Celso de Mello, que se aposentará em outubro — uma movimentação que tem incomodado.
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