O governo espanhol revisou, na segunda-feira, o número de mortos em decorrência da pandemia da Covid-19. Se no domingo os óbitos eram 28.752, no dia seguinte passaram para 26.834, uma redução de 1.918, ou 7%. A diferença, segundo o Ministério da Saúde, foi um resultado de uma reavaliação de dados previamente contabilizados, eliminando duplicatas, casos suspeitos que não foram confirmados e causas de morte descritas como possivelmente causadas pelo coronavírus.
O governo espanhol já havia mudado em outras ocasiões sua metodologia de contabilização, rompendo com a série estatística e dificultando análises comparativas. O número de casos de Covid-19 também foi revisado, passando de 235.772 para 235.400, uma redução de 372 diagnósticos. Ainda assim, a Espanha é o país da União Europeia com mais casos da doença. No ranking global, aparece apenas atrás dos Estados Unidos, do Brasil, da Rússia e do Reino Unido.
As discrepâncias, no entanto, vêm levantando questionamentos. Até segunda-feira, o governo espanhol divulgava apenas o número diário de óbitos, mas passou agora a anunciar também a estatística semanal. Segundo as autoridades, 50 pessoas morreram em razão da Covid-19 nos últimos sete dias. Apenas entre sábado e domingo, no entanto, o país havia contabilizado 70 óbitos. Nas 24 horas anteriores, as mortes haviam sido 48.
Regiões mais afetadas pela pandemia, Madri e Catalunha (área que viu 59% das mortes desaparecerem dos registros oficiais), disseram que os dados do governo central não condizem com os seus. Segundo o diretor do Centro de Coordenação para Emergências de Saúde do país, Fernando Simón, as divergências ocorreram por “uma série de fatores”, incluindo a “eliminação de casos duplicados” e vítimas que testaram negativo para a doença em testes rápidos, nem sempre eficazes.
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