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CARGO ANUNCIADO PARA REGINA DUARTE NA CINEMATECA BRASILEIRA NÃO EXISTE

Redação - 21/05/2020 09:00 - Atualizado 21/05/2020

A saída de Regina Duarte da chefia da Secretaria de Cultura foi anunciada, por meio do Twitter, pelo presidente Jair Bolsonaro. Em vídeo, os dois aparecem em clima cordial para informar que ela vai voltar para São Paulo, onde está a família, e passará a comandar a Cinemateca Brasileira. Apesar disso, embora o governo tenha influência sobre as decisões da sala de cinemas, as indicações para os cargos na verdade seriam feitas pela organização que administra o local. Em março de 2018, o antigo Ministério da Cultura assinou uma parceria com o Ministério da Educação para que a instituição passasse a ser administrada integralmente pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp). As informações são da Folha.

O contrato foi firmado para um período de três anos, ou seja, até 2021. Em dezembro do ano passado, no entanto, o ministro Abraham Weintraub, do MEC, anunciou a suspensão do acordo original com a Acerp. Além do imbróglio entre a Acerp e o governo, a instituição, criada há mais de 60 anos, vive uma das piores crises da sua história desde 2013. No último final de semana, pessoas ligadas à Cinemateca divulgaram uma carta em que afirmam que a sala de cinemas “não recebeu ainda nenhuma parcela do orçamento anual [em 2020], cujo montante é da ordem de R$ 12 milhões”.

Crise no órgão : Regina Duarte assume uma Cinemateca Brasileira em meio à maior crise. No fim de semana, o Cinemateca divulgou um documento pedindo socorro. Sua situação é crítica. O ex-diretor da instituição e seu guardião eterno, Carlos Augusto Calil, da ECA-USP, levanta a questão de que Regina Duarte não pode assumir porque não há cargas. O que ela poderia fazer, na visão dele, é trazer dinheiro de Brasília para resolver o problema.

O documento é esclarecedor. Maior arquivo de filmes do País, cuja trajetória é internacionalmente reconhecida, na Cinemateca enfrenta uma situação limite, esclarece o pedido de socorro. “Em meados de maio e ainda não recebemos nenhuma parcela do orçamento anual, o valor é da ordem de R $ 12 milhões.”

Ele continua: “Após sofrer uma intervenção do Ministério da Cultura em 2013, que destituiu seu diretoria e retirou a capacidade operacional, vem enfrentando um processo contínuo de enfraquecimento institucional que culmina na atual ameaça de paralisia total”, diz Calil.

A Cinemateca tem sob sua guarda ou maior acervo audiovisual da América do Sul, cuja demanda exige cuidados permanentes de técnicos especializados e manutenção de limites de conservação em baixas temperaturas e relativa temperatura.

“Estão sob sua custódia coleções públicas e privadas que produzem memória audiovisual para o País. Além disso, seu valor intrínseco cultural, como obras dos produtos nacionais agregados valor econômico; são fontes de renda industrial que mantém o uso do setor. A ameaça que paira sobre a Cinemateca não é destruída por valores apenas simbólicos, mas igualmente tangíveis “, complementa Calil.

O contrato do governo federal com uma organização social que administra – Associação de Comunicação Educacional Roqueta Pinto (ACERP) – foi fechado pela iniciativa do MEC. A atual Secretaria Especial de Cultura, responsável pela Cinemateca, tem seus vínculos administrativos divididos entre os ministérios da Cidadania e do Turismo.

“Essa situação dificulta a atuação do governo com urgência para impedir a falência da Cinemateca, enquanto a administração pública dedica a desenhar uma solução de longo prazo.”

O documento que declara que a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura extinta para a Cinemateca acarretará o incêndio de fevereiro de 2016 – o quarto sofrido pela instituição em sua história – e se perderá exclusivamente os filmes antigos. O documento ganhou adesões importantes e já repercutiu internacionalmente em publicações importantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foto : Reprodução/Google Street View

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