O presidente do Itaú Unibanco , Candido Bracher , afirmou que o Brasil não está conseguindo transmitir confiança aos mercados. “A taxa de juros futura estava em 8%. É muito alta. Isso decorre naturalmente um pouco das incertezas naturais da crise, mas que são agravadas pela crise política que nós temos”, avalia Bracher, ao vivo promovida pelo jornal Valor Econômico , na manhã desta terça-feira, 19.
O executivo disse que a perspectiva de um “entendimento pobre” entre os poderes executivos e legislativos cria incerteza em relação ao futuro do país. “Essas incertezas são somadas às incertezas já naturais do próprio processo de crise de saúde que vivemos”, analisadas.
Para ele, “seria de todo desejável” uma maior coesão entre os poderes executivos e legislativos. Em relação às divergências entre as decisões do governo e dos Estados, o presidente do Itaú defendeu a necessidade de uma orientação única para a população. “É conveniente e necessária. Atrair as populações com orientações divergentes do que deve ser feito (na crise)”, destacou.
Bracher afirmou ainda que todos irão terminar a crise atual “mais endividados” e por isso será muito importante que as taxas de juros do País sejam mantidas em um patamar baixo. “Estamos hoje com juros de 3,0% ao ano e as taxas devem cair mais de 2,0% ao ano. Mas será muito importante que eles possam permanecer nesse período por muito tempo após uma crise porque isso causa a recuperação saudável de economia “, propor.
Para que taxa de juros fique nesse nível após uma crise, enfatize, ou o País terá que passar ao mercado de confiança em que haverá equilíbrio fiscal e não haverá crescimento da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Nesse sentido, é muito importante que as pessoas tenham uma certa harmonia de gestão”, reforçadas, adicionadas ao Brasil que não conseguiu passar essa “confiança” para os mercados.
Crédito. Em relação às medidas adotadas pelos bancos diante da necessidade de mais crédito, em função da pandemia, a Bracher declarou que não é possível gerar um desconto na mesma proporção do aumento da demanda. Ele afirmou que, ainda assim, os bancos elevaram o concessão de crédito corporativo em 81% nos meses de março e abril em relação ao mesmo período de 2019.
“A demanda cresceu muito mais que isso. Como empresas pararam de faturar ou tiveram seu faturamento reduzido, tiveram a necessidade de executar um financiamento adicional. Mas não consegue obter oferta junto com a demanda. Existem pré-condições para conceder crédito ”, explicou Bracher.
Dentre as condições, ele citou questões de liquidez e risco. Lembrar que, diante do aumento do risco de crise, os bancos passaram a atuar em conjunto com o governo brasileiro que, na sua visão, tem sido “pró-ativo”. Sobre as novas ações do governo, a Bracher citou uma ampliação do grupo de empresas elegíveis para a folha de financiamento, medida que está sendo estudada e anunciada. Segundo, é necessário elevar o teto do faturamento desses grupos, que vai de R $ 360 mil a R $ 10 milhões por ano, por R $ 30 milhões e até R $ 50 milhões para abranger um grande grupo de empresas.
Bracher também citou estudos para refinanciar parcelas de crédito imobiliário já citadas. De acordo com ele, essa possibilidade está sendo debatida e em “estágio avançado”. “É um crédito barato uma vez que segue os mesmos juros da contratação e também seguro para o banco sob garantia ótica”, explicou.
Congresso. Sobre as medidas em discussão no Congresso, que forma uma “bomba de bomba” contra os bancos, o presidente do Itaú declarou que possui intenções sob uma ótica de tomadores de crédito, mas pode oferecer uma oferta de vendas e fragilizar o sistema financeiro. Ele também criticou a possibilidade de aumentar os impostos, por meio do aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), para o setor financeiro uma vez que nenhum país seguiu esse caminho, e inclusive isso controla o estímulo à economia. “Essas medidas para conceder crédito abaixo da compensação adequada ao risco podem trazer duas consequências: um crédito desapareceu e outra fragilizou o balanço dos bancos, ou o sistema bancário.”
Um sistema financeiro fragilizado, destacado, passa a ser uma ‘ameaça’ para aqueles que possuem recursos depositados nos bancos, uma vez que essas instituições causam o risco de não conseguir honrar os depósitos que foram confiados. “Temos crise de saúde, economia e política. Certamente não precisamos de uma crise no sistema financeiro”, enfatizou o presidente do Itaú.
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