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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA : APÓS A PANDEMIA… O MUNDO VAI CONTINUAR O MESMO

Redação - 07/05/2020 08:03 - Atualizado 07/05/2020

São muitas as previsões de como será o mundo e a economia após a pandemia. O fim do processo de globalização, o retorno aos valores locais, a redução no comércio exterior e até o aparecimento de um “novo homem” estão sendo vaticinados. Infelizmente, ou felizmente, nada disso vai acontecer e após a pandemia o mundo … vai continuar mais ou menos o mesmo. Pandemias e guerras podem mudar as relações de poder, mas não mudam a natureza humana. E a natureza humana não é nem humanista nem utilitarista, como estão a afirmar os filósofos de plantão: é uma mescla sublime de ambas.

Adam Smith dizia que o homem era movido antes de tudo pelo auto amor, o amor a si mesmo, e que isso o impelia à troca e ao ganho, o que era bom para a sociedade. Não é por causa da boa vontade do padeiro, que o leitor terá o pão à mesa, mas da sua vontade de ganhar dinheiro.  Mas Smith dizia que, apesar disso, o homem trazia marcado em sua natureza a “simpatia pela espécie”, um desejo atávico de  ajudar o outro. E é por isso que milhares de profissionais de saúde, entre outros, estão pondo em risco a própria vida para salvar a vida dos outros. A vacina contra o coronavírus, por exemplo, será fruto dessa mescla de humanismo e utilitarismo e será descoberta por quem deseja ajudar a humanidade, mas também por quem almeja a riqueza, a fama e o reconhecimento que ela vai trazer. E, após essa vacina imunizar a população, tudo voltará a ser como antes.

É claro, que a digitalização do mundo será mais acelerada, que os países vão reduzir a dependência de insumos da China, que haverá mais investimento em segurança contra pandemias e que o home-office e o e-commerce vão se ampliar. Mas, vencida a pandemia, o processo de globalização vai continuar, pois a economia já é completamente interdependente, a ciência está interligada e a cultura cada vez mais interconectada.

A antiglobalização é um sonho de líderes retrógrados, como Trump e Bolsonaro e de saudosistas do “bom selvagem” rousseauniano que nem Rousseau defendia. Passada a pandemia, os homens vão continuar lutando pelo poder, com suas guerras mesquinhas e seus interesses escusos. Enquanto isso,  a economia vai deslanchar, o comércio será cada vez mais amplo, as pessoas vão viajar cada vez mais, as bolsas vão bater recordes e o capitalismo vai continuar regendo o mundo – tão desigual e concentrador quanto antes.

                                         O TURISMO E A PANDEMIA

O coronavírus atingiu todos os setores da economia. Mas no turismo, o tiro atingiu o coração. Comércio, restaurantes e shoppings buscam saídas no delivery e no e-commerce. As lives passaram a ser uma alternativa para artistas, cantores e jornalistas. Parte da indústria funciona e da construção civil também. Mas a atividade turística está a zero. Não se pode digitalizar o turismo, por isso, se nada for feito, toda a cadeia produtiva será desestruturada, até porque será o setor que mais vai demorar para retomar plenamente as atividades. O turismo é  fundamental para a economia baiana e nordestina, por isso é preciso um plano de apoio por parte do governo federal, e de estados e municípios.

                                       O CORONAVÍRUS NO INTERIOR

A única arma contra o coronavírus é a gestão pública. A ação correta e articulada do governo do Estado e da Prefeitura de Salvador, por exemplo,  está evitando que aconteça aqui o que já aconteceu em Manaus, Fortaleza e Recife. A gestão da crise também tem sido efetiva em  Feira de Santana, onde surgiram os primeiros casos mas foram contidos pela boa gestão da prefeitura, e outras cidades.  Mas em muitas a gestão tem deixado a desejar, com pouca efetividade e decisão em relação ao isolamento e idas e vindas na reabertura do comércio. A boa gestão não significa que o coronavírus foi vencido, até porque haverá pico de casos em Salvador e outras cidades, mas que muitas mortes serão evitadas.

Publicado em 07/05/2019

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