Em nota assinada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, as Forças Armadas se manifestaram nesta segunda-feira (4) sobre o mais recente episódio de tensão entre os Poderes, com os recados intimidatórios do presidente Jair Bolsonaro em ato neste domingo (3) contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. As informações são da Folha.
Bolsonaro disse estar com as Forças Armadas “ao lado do povo” e que “chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição”. Jornalistas que cobriam o protesto em Brasília foram agredidos e ameaçados por manifestantes bolsonaristas.
À frente do Ministério da Defesa, que reúne Exército, Marinha e Aeronáutica, o ministro Azevedo e Silva responde pelas três forças. General da reserva, ele já chefiou o Estado-Maior do Exército e era assessor do presidente do STF, Dias Toffoli, quando foi convidado por Bolsonaro logo após a eleição de 2018 para assumir a pasta. Na nota, o ministro envia sinais tanto ao governo quanto ao Legislativo e Judiciário.
O ministro da Defesa diz que “as Forças Armadas cumprem sua missão constitucional”. “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram independência e harmonia entre os poderes imprescindíveis para a governança do país.” Segundo Azevedo, liberdade de expressão é “requisito fundamental” numa democracia. “No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável.” O ministro citou uma pandemia de novo coronavírus, que requer uma ação conjunta, segundo ele. “O Brasil precisa avançar. Enfrenta uma pandemia de conseqüências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e compreensão de todos.”
Esta é a segunda nota do tipo de ministro da Defesa. Após o primeiro ato antidemocrático com a presença de Bolsonaro , em frente ao Quartel-General do Exército, Azevedo divulgou uma nota com tom similar. Na ocasião, há duas semanas, o general declarou que as Forças Armadas atuam para “manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição” .
Foto: Evaristo Sá/AFP