Aliados do presidente Jair Bolsonaro demonstraram surpresa com a decisão dele de mudar o comando da Polícia Federal. Atribuem a atitude ao chamado “modo desespero”, que surgiu depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter autorizado a investigação sobre protestos contra a democracia. A investigação, pedida pela Procuradoria Geral da República (PGR), será conduzida pela Polícia Federal.
O ministro do STF Alexandre de Moraes acolheu o pedido de inquérito para investigar a organização e o financiamento de manifestações. Os atos pediram o fechamento do Congresso Nacional e do STF, intervenção militar e a volta do AI-5. O inquérito está sob sigilo, mas sabe-se que deputados federais são suspeitos. Bolsonaro participou de uma dessas manifestações, no domingo (19), mas não está incluído no pedido de inquérito. Na decisão, Moraes qualificou as manifestações relatadas pela PGR como fato gravíssimo porque atentam contra o estado democrático de direito e as instituições republicanas.
O temor de aliados do presidente é que a investigação da Polícia Federal possa chegar a aliados do presidente. A PF apura desde o ano passado a disseminação de ofensas e ameaças ao STF, o chamado “inquérito das fake news”. A nova apuração pode incorporar fatos já investigados nesse inquérito. Não é de hoje que Bolsonaro pressiona pela mudança do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Desde o ano passado, há forte pressão pela substituição do comando da PF para que Bolsonaro tenha influência maior no órgão. Mas a pressa para realizar a mudança nesta semana causou espanto até mesmo na ala militar do governo.
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