Apesar de estar em situação melhor em comparação a outros Estados na crise da covid-19, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), se prepara para o pior. “Tenho um decreto pronto de lockdown (fechamento total de atividades) se a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) chegar a 80%”, disse Dino se referindo à medida radical prevista para ser tomada na região metropolitana de São Luís, capital maranhense.
Atualmente, 95% dos casos confirmados no Estado se concentram nesta área, com cerca de 1,5 milhão de habitantes. A região estava com 70% dos seus leitos de UTI ocupados até terça-feira, 21, quando governo local alugou um hospital de 200 leitos para suprir a demanda. “A luta é todo dia. Já estou alugando outro hospital e contatando 200 leitos de hospital de campanha”, disse o governador.
Nessa região metropolitana, os moradores convivem atualmente com restrições brandas de isolamento social. Atividades essenciais funcionam e as demais estão paradas. No resto do Estado, a maioria das cidades não registra casos de novo coronavírus. Nessas localidades é de responsabilidade dos prefeitos aplicar ou não restrições de isolamento.
“Estou analisando todos os cenários possíveis e os indicadores para mim são óbitos e capacidade hospitalar. Como, até agora, a capacidade hospitalar está assegurada e tenho mais leitos para entregar, estou num sentido otimista. Apesar do crescimento de casos, acho que a gente dá conta de segurar a demanda”, afirmou Dino.
A rede estadual básica de saúde do Maranhão tem 400 leitos de UTI, destes 132 exclusivos para o novo coronavírus. O governo também conseguiu ampliar a compra de respiradores. Foram 207 nas últimas semanas. “Dá para dobrar a capacidade que temos”, disse o governador. O custo mensal da rede de saúde maranhense é de R$ 150 milhões. Dino afirma que recebeu um repasse de R$ 27 milhões do Ministério da Saúde. “Ajuda a amenizar. Agora, estamos fazendo esforço próprio. O ministério repassou também pra municípios algo na casa de R$ 68 milhões”, disse.
Na linha de frente do enfrentamento e com colegas já contaminados, o governador afirma que tenta se proteger contra o novo vírus. “Estou me cuidando e me agarrando a todos os santos. Só Nossa Senhora são oito aqui na minha sala”, disse. Os governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o do Pará, Helder Barbalho, foram infectados com a covid-19. “Essa é uma tendência. Um subproduto oculto da crise. As equipes de governo também vão ficando muito expostas. Você integra o serviço essencial e seu nível de exposição é alto”, disse.
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