Em seu discurso, ao anunciar Nelson Teich como novo ministro da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mencionar a necessidade de flexibilização das medidas de distanciamento social. A justificativa é a mesma acionada em pronunciamentos em cadeia nacional e coletivas de imprensa na saída do Palácio do Planalto: a economia, a geração de empregos, a impossibilidade de o governo arcar com o auxílio emergencial.
“O governo não tem como manter este auxílio emergencial ou outras ações por muito tempo. Já se gastou aproximadamente R$ 600 bilhões e podemos chegar a R$ 1 trilhão. Sei que a vida não tem preço, mas a economia, o emprego, tem que voltar à normalidade”, disse o presidente, superfaturando o impacto do auxílio emergencial no orçamento.
Dados da Instituição Fiscal Independente do Senado indica que o auxílio emergencial de R$ 600 pagos por três meses a trabalhadores informais implicará gasto de R$ 59,8 bilhões no referido período. Nem mesmo a ampliação do auxilio para catadores de material reciclável, taxistas, manicures, diaristas e pescadores artesanais chegaria a tanto. Segundo informações da Veja, o Ministério da Economia chegou a afirmar que o impacto do benefício é de R$ 10 bilhões.
Ainda que sem citar nominalmente a Câmara dos Deputados, o Senado Federal ou o Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro atribuiu a todos a responsabilidade pelo impacto econômico da crise sanitária. Governadores e prefeitos também entraram na convocatória presidencial.
“O governo não é uma fonte de socorro eterna. Em nenhum momento fui consultado por medidas adotadas por grande parte de governadores e prefeitos. Eles sabiam o que estavam fazendo. O preço vai ser alto. Tinham que fazer alguma coisa, mas, se porventura exageraram, não bote mais essa conta, não no governo federal, nas costas do nosso sofrido povo brasileiro”, acrescentou.