O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) em entrevista a Rádio Metrópole, hoje pela manhã, ele comentou que a sociedade, desacreditada na política, votou em um candidato que era tido como antipolítico. “Falou-se que deputado não prestava, senador não prestava, partido não presta, a ponto de conseguirem fazer com que um cidadão, que tinha 28 anos de mandato que ninguém sabia o que ele fazia e quatro de vereador, ser eleito por uma parte da sociedade que era antipolítica. Por não gostar de política, votaram de Bolsonaro. É o maior desastre do mundo quando a sociedade não acreditar a política, nega e tenta eleger alguém que não gosta de política e a montanha pare Bolsonaro”, declarou Lula.
O petista afirmou que manteve relações diplomáticas com todos os governadores enquanto foi presidente entre 2002 e 2010. “O povo tem que ter consciência qual o papel do presidente da República. Você tem posições políticas e ideológicas até ganhar as eleições. Quando você ganha, você deixa de ter lado e passa a cuidar e assumir a responsabilidade da população. Você passa a se relacionar com todos os políticos, independente do partido. Eu tinha uma relação extraordinária com Paulo Souto antes de Wagner ganhar as eleições para governador”, comentou.
Para Lula, Bolsonaro precisa assumir o papel de um presidente da República e tomar as rédeas do país. “Um presidente da República não pode ficar brigando com todo mundo todo dia e toda hora. Ele tem que governar esse país e deixar de ser ignorante e deixar fazer o que tem que ser feito”, acrescentou. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao papel da imprensa na cobertura política do país e disse que ainda há uma campanha maciça contra petistas, como o que passou a ex-presidente Dilma Rousseff.
“Eu acho que a Dilma foi vítima de uma mentira inescrupulosa. Resultou no Bolsonaro, mas não por causa da Dilma, e sim porque houve uma campanha massiva desse país de negação da política. Ainda hoje existe essa campanha. Existem determinados meios de comunicação que querem escolher qual o candidato a presidente e o presidente da Câmara. A imprensa não se contenta em informar, ela quer determinar. Agora ela quer governar”, disse Lula, que voltou a direcionar críticas à Rede Globo.
“Antigamente Roberto Marinho queria ter influência, Chateaubriand queria ter influência. Mas hoje os prepostos, porque já não tem mais o dono que tinha importância, querem governar. Até outro dia tinha uma tal de XP que fazia propaganda do Luciano Huck 24h por dia. Quando saiu uma denúncia contra a XP nos EUA, desapareceu a XP e apareceu o Luciano Huck”, ironizou. “Agora a gente percebe que estão chamando Guedes para fazer palestra, Moro para fazer palestra e foi atrás do Guedes para que ele aprovasse com uma rapidez muito grande R$ 1,2 trilhão para salvar essas empresas de consultorias de investimento. Se demora tanto tempo para chegar o dinheiro na mão do pobre, porque chega com tanta rapidez na mão do banqueiro?”, acrescentou.
Lula ainda criticou a atual situação do país diante do que representa a elite brasileira. Endossando recente comentário de Mário Kertész, que voltou a cobrar autocrítica e mais responsabilidade da classe para com a economia do país, o petista cobrou que as fatias mais pobres da sociedade recebam a devida atenção. O ex-presidente também defendeu o isolamento social como alternativa contra o coronavírus.
O ex-presidente também comentou o papel do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que está balançado no cargo e pode ser demitido ainda esta semana por Bolsonaro. Lula lembra que o chefe da pasta da Saúde é o responsável pelo fim do programa Mais Médicos no início do governo Bolsonaro. “Esse ministro sempre foi contra o SUS, foi um dos responsáveis por mandar os médicos cubanos embora e acabar com o Mais Médicos. Ele era um privatista do sistema de Saúde. O que fica provado, Mário, é que toda hora que dá uma dor de barriga, o mercado se esconde e quem tem que cuidar é o estado. É por isso que defendo um estado indutor do desenvolvimento,que cuide da saúde, educação e o que é essencial para a população. A criação do Consórcio do NE é um resultado extraordinário”, declarou.
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