O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que os hospitais municipais de São Paulo vão passar a utilizar a cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus. O uso da cloroquina por pacientes infectados com o novo coronavírus ainda está em fase de testes e de estudos. Não há resultados conclusivos para as pesquisas com o medicamento, usado principalmente contra a malária. “A Secretaria Municipal de Saúde introduziu no seu protocolo de tratamento contra a Covid-19 a cloroquina desde que haja prescrição médica e desde que haja consentimento do paciente ou da família”, afirmou o prefeito.
Covas determinou a compra de mais cloroquina para uso na rede pública. “Nós temos hoje 6 mil cápsulas a disposição, como cada paciente precisa de seis, portanto, medicamento para tratar mil pessoas internadas hoje nos hospitais municipais. Então, já determinei à Secretaria Municipal de Saúde que possa fazer aquisição mais dessas cápsulas pra que seja uma alternativa de tratamento. Ainda não é possível ser uma política pública porque nós ainda não temos pesquisas concluídas.”. Uso da cloroquina é alvo de estudos e testes; não há consenso na comunidade cientifica
Apesar de as evidências em alguns estudos indicarem que a cloroquina pode funcionar em certos casos, há alertas sobre o risco de complicações causadas pela toxicidade da droga. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o uso da cloroquina combinado com o antibiótico azitromicina é uma das quatro combinações de medicamentos questão em fase de testes em 74 países e cujos resultados são monitorados pela organização. Apesar disso, a organização informou ao G1 que “até agora, nenhum produto farmacêutico se mostrou seguro e eficaz para tratar a Covid-19”.
Atualmente, o uso no Brasil é autorizado pelo Ministério da Saúde somente em pacientes em estado crítico e também naqueles em estado moderado já internados nos hospitais, desde que médico e paciente concordem com o uso. Por isso, os médicos pedem que a população NÃO se automedique com esses ou outros remédios. As primeiras notícias sobre o medicamento levaram ao desabastecimento e fizeram a Anvisa colocar a droga na lista dos remédios controlados. Além da malária, a droga é usada contra reumatismo, inflamação nas articulações e lúpus.
No Brasil, em 25 de março, o Ministério da Saúde liberou o uso em tratamento de pacientes hospitalizados com quadros graves. A liberação veio acompanhada da ressalva de que havia “lacunas no conhecimento” sobre a droga. Em 3 de abril, o ministério ampliou a indicação de uso também para casos moderados, quando os pacientes passam por atendimento hospitalar. Na terça (7), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a pasta não vai tomar medidas contra médicos que prescreverem a cloroquina para pacientes nos estágios iniciais da doença. “Se ele (médico) se responsabilizar individualmente, não tem óbice nenhum. Ninguém vai reter a receita de ninguém”, disse Mandetta.
Nesta quarta (8), Mandetta reafirmou que não há orientação para o uso indiscriminado do medicamento. Ele lembrou que a maioria dos infectados não tem complicações e se recuperam sem problemas. E que entre os mais idosos, há risco de efeitos colaterais. Também nesta quarta, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) retirou do seu site orientações sobre o uso da cloroquina. Agora, o site do CDC alerta que “não há drogas ou outros tratamentos aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) para prevenir ou tratar a Covid-19”.
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