Para a economia criativa se recuperar do impacto do novo coronavírus, não bastam linhas de crédito subsidiados. É preciso investir dinheiro público num plano do governo específico para o setor. É o que propõe João Luiz de Figueiredo, coordenador do mestrado profissional em gestão de economia criativa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). As informações são da Folha.
Figueiredo estima que o prejuízo na área, que responde por 2,64% do PIB brasileiro, pode ultrapassar os R$ 100 bilhões. Agora, porém, a maior preocupação deve ser impedir a falência das empresas do ramo. Elas ocupavam 5,2 milhões de pessoas em 2018, segundo o IBGE.
Boa parte dos profissionais do campo trabalha por projeto, e não têm vínculos formais de trabalho. De todos eles –a economia criativa, afinal, engloba áreas tão diversas quanto moda, tecnologia e mídias–, os mais prejudicados serão aqueles que trabalham diretamente com a cultura, em especial em atividades que dependem de aglomerações, como teatro e shows, diz Figueiredo. Isso porque o fluxo de caixa delas é mantido por meio das bilheterias, que estão paradas desde que as apresentações foram interrompidas.
Segundo um estudo da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, a Abrape, divulgado pelo jornal Estado de São Paulo nesta quinta (2), 51,9% dos eventos programados para este ano no Brasil foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta. A entidade calcula que as perdas somem R$ 90 bilhões quando a conta inclui o impacto indireto dos eventos.
Para Silvia Finguerut, coordenadora de projetos da Fundação Getulio Vargas, a FGV, a crise causada pelo coronavírus pode significar ainda o êxodo em massa de trabalhadores da área. Ela os descreve como indivíduos melhor remunerados do que a média nacional, para quem os R$ 600 propostos pelo governo para amenizar o impacto da pandemia sobre os informais não serão suficientes.
“O montador de palco vai voltar a erguer andaimes na construção civil, o produtor de eventos buscará outros rumos. E vamos perder essa parte do mercado que, a muito custo, conseguimos formar e amadurecer”, diz ela.
Foto: Rafael Telles/ Divulgação