Secretários estaduais de educação de todo o país afirmaram que vão manter a suspensão das aulas presenciais na rede. O comunicado emitido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) ressalta ainda que seguirá as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e que a decisão é um “ato de responsabilidade”.
Durante pronunciamento em cadeia nacional na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a reabertura de escolas e comércios e pediu o fim do “confinamento”. A fala de Bolsonaro foi repudiada por entidades ligadas à área de saúde e gerou reações do Congresso. “Manter as aulas presenciais suspensas é um ato de responsabilidade, para proteger não apenas a vida dos nossos estudantes e servidores, mas de todos que estão em seu entorno, especialmente os idosos e com doenças crônicas”, diz o comunicado do Consed.
O Consed reúne secretários de educação de todo o país, que atendem cerca de 30 mil escolas e 16 milhões de estudantes na rede pública. Para o secretário de educação do Maranhão, que atende 330 mil jovens na rede pública estadual, o posicionamento das autoridades de educação em cada estado é uma resposta à preocupação de pais e responsáveis com a exposição de jovens e suas famílias ao contágio pelo novo coronavírus, caso as medidas de isolamento social sejam suspensas.
– Após o pronunciamento do presidente na noite de ontem, recebemos muitas demandas de pais assustados e preocupados com a volta às aulas. Aqui já temos centenas de casos suspeitos. A comunidade reagiu muito preocupada com a possibilidade de voltarmos a colocar os alunos em aglomerações e deixar eles e suas famílias suscetíveis à transmissão comunitária – afirmou Felipe Camarão, secretário de educação do Maranhão.
O secretário ressaltou ainda que a nota foi aprovada por unanimidade entre todos os 27 conselheiros de educação de todos os estados do país. Outras entidades ligadas à área da educação também se posicionaram contra o discurso do presidente. Em nota, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) afirmaram que a fala de Bolsonaro representa um “enorme risco”.
“Tal afirmação representa um enorme risco e um crime contra a vida da população brasileira, tanto dos mais novos quanto dos idosos. Afinal, há vários casos no mundo de jovens que morreram ou ficaram com sequelas devido à infecção do Covid-19, além de serem transmissores que têm contato com pais e avós, justamente no grupo de risco”, diz o texto.
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