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ADARY OLIVEIRA- A NOVA ADMINISTRAÇÃO INDUSTRIAL

Redação - 17/03/2020 15:41

A administração de unidades industriais é submetida diariamente a mudanças impostas pela necessidade de sobrevivência. Ou elas se adaptam às novas condições, reduzindocustos, incorporando novas tecnologias ou aperfeiçoando os processos produtivos, ouficam obsoletas e perdem a condição competitiva exigida pelos mercados.
A revolução industrial se caracterizou pela substituição e potencialização do trabalho humano por máquinas. Todos temiam o desemprego em massa, o que não ocorreu.
Houve aumento da produção, aumento do consumo, aparecimento de novas profissões e migração do trabalho humano das indústrias para o setor de serviços. A revolução digital teve como principal característica a substituição e potencialização das funções humanas de decisão, comunicação e processamento de informações por computadores.
Visitei recentemente uma petroquímica em Camaçari, que está sobrevivendo às mudanças e é uma das de melhor desempenho desse parque industrial. Tudo foi informatizado e digitalizado e a tecnologia incorporou as invenções recentes. O produto continua sendo o mesmo, mas fabricado em maior escala, com custos menores que antes. No início essa fábrica era operada por cerca de mil trabalhadores, hoje por sessenta. Metade dos edifícios estão vazios e a empresa, antes restrita ao mercado doméstico, sobrevive competindo internacionalmente.
As fábricas de antigamente abrigavam grandes contingentes de colaboradores, o que criavam problemas contínuos para a difícil tarefa de administrar a relação capitaltrabalho, gerando ambiente permanente de insatisfação. Os operários de hoje têm melhor formação técnica, usam o computador e sistemas digitais, produzem mais e são
em número reduzido. Recebem remuneração maior e são mais produtivos. Os que se dedicam a prestar serviços, possuem profissão liberal, dominam conhecimentos
específicos, cresceram em número e avançaram intelectualmente. Os operadores de processo de antigamente, que realizavam poucas tarefas no manuseio de máquinas, deram lugar a grupos de trabalhadores autogeridos e polivalentes. Para muitos técnicos que atuam na linha de produção é exigido formação universitária. O uso
da reengenharia, isto é, a reinvenção da maneira de fazer, desafiando doutrinas, mudando práticas e atividades de rotina, redesenhando seus recursos humanos,materiais e financeiros de maneira inovadora e integrando funções, passou a ser umaprática perene. A organização horizontal dos processos de maior relevância, unindo em
equipes pessoas de diferentes departamentos, passou a ocupar o lugar das organizaçõescom excesso de verticalização. As funções mais universais, tais como administração financeira, recursos humanos,
marketing e jurídica, foram deslocadas para locais mais distantes exercendo comando virtual de várias unidades. O aprimoramento e emprego do benchmarking, comparando e imitando outras organizações do mesmo ramo de negócio ou de outros, concorrentes ou não, capazes de fazer alguma coisa bem feita e de modo particular, passou a ser imprescindível para vencer a concorrência.
A administração das empresas industriais poderia ter significativo avanço se fosse acompanhada da melhoria das inversões em infraestrutura pelo poder público na construção, conservação e atualização das estradas, modernização dos portos, implementação de hidrovias, maior inversão em ferrovias, simplificação do sistema
tributário e revisão das práticas administrativas do Estado. Impediriam assim que as incumbências produtivas de bens e serviços fossem penalizadas e proporcionariam um ambiente de negócios mais atrativo para novas realizações. O fortalecimento das atividades regionais obtido com aproveitamento de oportunidades sinérgicas e
integrativas e a substituição do Estado pela iniciativa privada, tem se revelado um fator importante e que deverá estar presente nas agendas conjuntas do governo e da comunidade empresarial. As providências aqui apontadas, sem dúvida, serão acompanhadas de maior produção, aumento da riqueza, reforço na arrecadação de
tributos e dilato dos benefícios sociais.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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