Uma pesquisa realizada nas Comunidades de Atendimento Socioeducativo (Case) de Salvador, que faz parte de um relatório realizado pela Defensoria Pública do Estado (DPE), divulgou nesta quarta-feira (4) que 85% dos jovens internados não chegaram a ser alfabetizados ou abandonaram os estudos quando foram apreendidos.
Em outubro do ano passado, os defensores estiveram nas três Case de Salvador, duas masculinas e uma feminina, e entrevistaram 187 jovens entre 14 e 20 anos. A pesquisa revelou também que 71% dos meninos sequer estavam matriculados em escolas. Entre as meninas, o percentual foi de 70%. Nenhum dos entrevistados concluiu o Ensino Médio.
A realidade familiar dos internos também se assemelha. Cerca de 59% deles trabalhavam como ajudantes de pedreiro, em lava-jatos, vendendo água ou carregando compras quando foram apreendidos. Entre os meninos, 55% não tinham nem CPF nem Carteira de Trabalho. Entre as meninas, 67% não tinha documento. O acesso à saúde também era raro.
Cerca de 46% dos meninos cresceram sem a presença do pai. No caso das meninas, 28,6% delas moravam com companheiro ou companheira quando foram apreendidas e 35,3% conhecem o pai, apesar de não manter contato. Cerca de 10% dos jovens que estão internados em Salvador não tem o nome do genitor no registro.
Os crimes que mais levaram os adolescentes para a internação foram roubo (51%) e homicídio (31%), sendo que em 50,3% dos casos havia pelo menos um adulto envolvido na ação. Segundo os defensores, a necessidade de comer e pagar as contas foi o que mais levou esses adolescentes para a criminalidade. Cerca de 18% deles são reincidentes.
A situação é ainda mais preocupante quando a pesquisa revela que 24% desses jovens de 14 a 20 anos já são pais ou mães. Em 16 casos, eles apresentavam problemas mentais e em 15% moraram ou estavam morando na rua quando foram apreendidos.