O presidente Jair Bolsonaro confirmou ontem que vai se encontrar com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no próximo dia 1º de março. Será o primeiro encontro entre os dois, que são de campos políticos opostos e até o momento mantiveram uma relação tensa, com troca de farpas. O brasileiro recebeu na quarta o chanceler argentino Felipe Solá, com quem combinou o encontro com Fernández, que vai ocorrer durante a posse do novo presidente do Uruguai, o centro-direitista Luis Lacalle Pou, em Montevidéu.
“Confirmei ontem com o embaixador. Estaremos lá no Uruguai, na posse do Lacalle. Inclusive, mandei atrasar ao máximo possível a minha viagem para eu poder conversar com os demais chefes de Estado presentes. Agora, me interessa conversar com o Fernández”, declarou o presidente. Ainda segundo Bolsonaro, Felipe Solá levou uma boa notícia ao Palácio do Planalto na quarta: a de que a Argentina vai se empenhar para aprovar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
“ Temos outros acordos também com outros países em andamento, Japão, Coreia do Sul. Foi uma conversa muito saudável”, completou, em seu primeiro elogio público ao governo de Fernández, que tomou posse em 10 de dezembro. Antes da visita de Solá, Bolsonaro havia usado suas redes sociais duas vezes para criticar medidas do novo governo argentino: em dezembro, quando Fernández anunciou o aumento dos impostos sobre a exportação de grãos, e em janeiro, quando foi revelado que o presidente do país vizinho pretendia reduzir a autonomia dos militares para realizar promoções dentro das Forças Armadas. Bolsonaro disse que repassou para o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, o pedido de Solá para que o Brasil apoie a Argentina na renegociação da dívida do país com o
Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o presidente, o pleito foi encaminhado para “o pessoal da Economia” por meio do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. “Passei para a equipe econômica, agora quem vai decidir é a equipe do Paulo Guedes”, respondeu, ao ser questionado se o Brasil vai apoiar o pedido da Argentina. O presidente comentou ainda que a Argentina está pior do que o Brasil e que, para o seu governo, interessa o bem “do nosso maior parceiro comercial na América do Sul”. “A gente quer ver a Argentina crescer. Já falei: eu quero a Argentina grande, eu não quero pátria bolivariana aqui não, quero Argentina grande, Uruguai, Paraguai grande, Brasil grande”, comentou.
Foto: Reprodução
Por: Gustavo Maia – O Globo