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BERNARDO DE MENEZES – SANTA DULCE E O TURISMO EM SALVADOR

Redação - 14/01/2020 18:06

Se comparado amuitas outras atividades econômicas, o turismo tem o trunfo de oferecer a possibilidade de aproveitamento dos recursos já existentes nas próprias localidades como forma de ‘investimento’. Mas isso de maneira alguma dispensa dedicação e investimentos oficiais e privados num setor que, particularmente no segmento religioso, abre agora novos horizontes para a Bahia a partir da canonização de Irmã Dulce, pelo Vaticano.

 

Os mais entusiastas vislumbram Salvador como um futuro local verdadeiramente de peregrinação e não mais apenas um destino para quem quer conhecer ou revisitar, por exemplo, a Colina Sagrada ou o memorial da agora intitulada Santa Dulce dos Pobres. O mundo católico tomou conhecimento do evento e isso representa, sem dúvida, um forte potencial emissivo. Mas, como encarar a missão de transformar potencial em números reais a favor de mais emprego e renda?

 

Agentes e operadores de viagem pensam permanentemente em estratégias de incremento de um setor que também precisa se ‘reinventar’ a cada dia para seguir adiante sem maiores sustos (vide a galopante agonia e morte da Avianca). Afinal, ali estão depositados seus anseios de realização pessoal e econômica. Mas, e os gestores públicos, nos três níveis de administração? É de ações articuladas e efetivas, sem solução de continuidade, que o turismo precisa, inclusive agora.

 

Rogério Ribeiro (da Brisasol Turismo & Eventos), um dos empreendedores voltados também ao turismo religioso em Salvador, reforça o coro dos que torcem pelo êxito do chamado Caminho da Fé. Projeto executado pela prefeitura na área que compreende o Largo de Roma e a Colina Sagrada, tem suas duas etapas orçadas em R$ 11,5 milhões e conclusão anunciada para meados deste ano. São várias as melhorias urbanísticas previstas, numa iniciativa necessária e… louvável.

 

Mas ele concorda que precisamos de mais que isso se a vontade é alçar voos mais altos (e uma forcinha da santa baiana seria sempre bem-vinda…). Conhecedor do turismo religioso consolidado há décadas (ou séculos?) na Europa e ciente dos milhões de euros acrescentados à economia a cada ano, Ribeiro desenvolve em Salvador o tour denominado Caridade e Fé, como uma sinalização de que é de atitude que se precisa para tocar o segmento. E logística será fundamental para captar, acomodar e gerir a permanência de um público à altura do que a recente canonização representa para a comunidade católica.

Levantamento da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra o interesse de pelo menos 15 milhões de brasileiros em destinos religiosos. No mundo, esse número supera os 60 milhões, considerando-se apenas as religiões cristãs. A maioria dos temas religiosos desses destinos é popular: procissões e festas, católicas ou não. Eis aí o significado desta antiga prática social que em tempos de globalização passou a se chamar turismo religioso.

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